Na infância, a Páscoa era sinônimo de alegria: a ansiedade de encontrar ovos escondidos pela casa, o cheiro doce do chocolate no ar e a certeza de que, naquele dia, tudo seria mais doce e leve.
Mas, em 2025, algo mudou. Para muitas famílias, o coelhinho chegou mais caro e com menos chocolate na cesta. O aumento dos preços não foi apenas um incômodo no bolso: foi o sintoma de algo maior, mais amargo.
Por trás da escassez de ovos nas prateleiras ou seus excessivos preços, esconde-se uma crise silenciosa que ameaça não só o chocolate, mas toda a segurança alimentar global.
A Páscoa de 2025 trouxe um gosto amargo — e não foi pelo teor de cacau. Os preços dos chocolates bateram recordes, resultado de uma combinação explosiva entre eventos climáticos extremos e a ausência de práticas sustentáveis na cadeia produtiva do cacau.
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O que deveria ser uma celebração doce tornou-se um alerta contundente: sem ESG, até o chocolate corre risco.
De acordo com dados da Veja, entre 2023 e 2025, o preço da tonelada de cacau subiu de 2.894 dólares para mais de 8.300 dólares, uma alta de 190%.
Esse colapso se deve, em grande parte, à crise climática que atinge com força as plantações da África Ocidental, responsáveis por mais de 70% da produção mundial.
Seca prolongada, chuvas intensas e o fenômeno El Niño devastaram safras em Gana e Costa do Marfim, ao mesmo tempo em que o vírus do broto inchado avançou sobre as lavouras, afetando mais de 80% das plantações ganesas.
No Brasil, a situação também preocupa: segundo a Conab, a produção nacional caiu 18,5% em 2024, chegando a 179 mil toneladas.
O impacto foi direto nas prateleiras: ovos de Páscoa menores, mais caros e com receitas alteradas. Mas o que isso tem a ver com ESG? Tudo. E explico por quê:
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No pilar Ambiental, as mudanças climáticas são o centro do colapso. Mas também revelam uma falha de adaptação do setor agrícola a práticas regenerativas e resilientes.
A monocultura do cacau, por exemplo, é vulnerável a doenças e variações climáticas. A diversificação, a agrofloresta, o reflorestamento e o manejo consciente do solo são estratégias ESG que ainda encontram resistência — principalmente por falta de incentivo e financiamento.
No aspecto Social, milhares de pequenos agricultores que vivem do cacau já estão sofrendo com a perda de renda e insegurança alimentar. Gana e Costa do Marfim somam mais de 1,5 milhão de pequenos produtores, muitos dos quais vivem com menos de 1,50 dólar por dia.
A falta de proteção social e de acesso a práticas agrícolas modernas torna essa população ainda mais vulnerável ao colapso climático e econômico.
Por fim, no eixo da Governança, é evidente a fragilidade dos sistemas que deveriam garantir transparência, rastreabilidade e justiça na cadeia do chocolate.
Muitas empresas compradoras, muitas vezes, não sabem — ou preferem não saber — de onde vem o cacau que usam, ignorando tanto as condições ambientais quanto as sociais.
Um verdadeiro sistema ESG exige compromisso com toda a cadeia, da semente ao consumidor. E o cacau é só o começo. O café, a soja, o milho e o arroz também estão na linha de frente dos impactos climáticos.
Pesquisas da Embrapa e do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas alertam que, até 2030, o Brasil pode perder até 11 milhões de hectares produtivos por conta das alterações no regime de chuvas e aumento das temperaturas.
Isso significa menos produção, mais escassez e preços mais altos — sobretudo para os mais pobres.
Diante desse cenário, a resposta está nas práticas ESG. É hora de abandonar discursos vazios e partir para a ação: financiar tecnologias sustentáveis, apoiar o pequeno produtor, exigir rastreabilidade da indústria e pressionar governos por políticas públicas climáticas efetivas.
Com responsabilidade, transparência e justiça, ainda é possível adoçar o futuro.
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