Final de semana do Dia das Mães. Não poderíamos deixar de prestar a nossa homenagem.
Hoje não importa se é uma cozinheira de mão cheia ou não. Da comida mais simples à mais sofisticada, uma coisa todos temos de concordar: comida de mãe é e sempre será comida de mãe, e não tem chef neste mundo que consiga superar.
Afinal de contas, muito devemos aos momentos à mesa. Grande parte da nossa educação, o apreço pela comida que nos tira da fome ou pela memória que nos remete.
Só lembrar do filme do ratinho cozinheiro, “Ratatouille”, quando o crítico gastronômico Anton Ego experimenta o prato e logo vem à mente a sua infância, a casa dos pais, o cheiro da comida de sua mãe que pairava no ar…
Bem, mas por que comemoramos o Dia das Mães no segundo final de semana do mês de maio?
Muito antes de o Dia das Mães se transformar em uma das datas mais significativas do calendário afetivo e comercial brasileiro, o reconhecimento da figura materna como pilar da sociedade já era celebrado dentro dos lares — especialmente por meio da comida.
As mães, com suas mãos habilidosas e seus gestos silenciosos, escreveram uma história paralela à dos grandes feitos políticos: uma história feita de panelas, colheres de pau e receitas contadas de memória.
A oficialização do Dia das Mães no Brasil não criou essa reverência, apenas deu forma institucional ao que já era vivido na intimidade das cozinhas.
O Dia das Mães, como conhecemos hoje, tem origem nos Estados Unidos. Foi lá que, em 1908, a ativista americana Anna Jarvis organizou a primeira celebração oficial em homenagem à sua mãe, uma enfermeira voluntária durante a Guerra Civil.
Em 1914, o então presidente Woodrow Wilson transformou a homenagem em data nacional, escolhendo o segundo domingo de maio como dia oficial — coincidindo com o mês do aniversário da mãe de Anna.
A celebração se espalhou com rapidez por diversos países, embalada pelo ideal da figura materna como símbolo de sacrifício, amor e estabilidade familiar.
No Brasil, a data foi formalmente instituída por Getúlio Vargas em 5 de maio de 1932, por meio do Decreto nº 21.366. A iniciativa fazia parte de uma política que buscava consolidar os valores do lar e da maternidade como fundamentos da ordem nacional, numa época em que o Estado Novo promovia uma imagem da mulher centrada no cuidado e na moralidade familiar.
A escolha do segundo domingo de maio seguiu a tradição norte-americana, sinalizando também um alinhamento cultural e político com os Estados Unidos.
O decreto foi resultado de pressões e mobilizações sociais, especialmente de movimentos feministas da época, como a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, liderada por Bertha Lutz, e de ativistas como Alice Tibiriçá, que escreveram diretamente ao governo sugerindo a institucionalização da data.
Vale lembrar que o mesmo ano marcou a conquista do direito ao voto feminino no Brasil, o que dá ainda mais relevância simbólica ao reconhecimento das mães naquele contexto histórico.
Mas muito antes do decreto, a figura da mãe já ocupava o centro simbólico da casa — não apenas como cuidadora, mas como guardiã da memória culinária familiar.
A cozinha, espaço historicamente relegado às mulheres, foi também palco de resistência, afeto e transmissão de saberes. A comida que se aprende com a mãe é, quase sempre, a primeira experiência cultural e sensorial que temos do mundo.
É por isso que falamos em culinária afetiva: aquela que nos alimenta com significados. As mães são autoras invisíveis de boa parte do patrimônio gastronômico brasileiro.
Mesmo sem receitas escritas, suas mãos sabiam as medidas de cor, seus olhos reconheciam o ponto certo do feijão, seus narizes identificavam o cheiro da comida pronta.
Não é por acaso que muitas das receitas mais queridas da infância vêm acompanhadas de um nome: “o bolo da minha mãe”, “o frango assado da vó”, “o doce que só ela sabia fazer”.
Esse saber culinário é, muitas vezes, o primeiro contato com a ideia de tradição — ainda que transmitido de forma oral, casual ou mesmo intuitiva.
Cozinhar, no universo materno, quase nunca é apenas tarefa: é linguagem, cuidado e presença. Um prato servido pode significar “senti sua falta”, “parabéns” ou “vai ficar tudo bem”.
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Celebrar o Dia das Mães, portanto, é também celebrar esse legado silencioso e poderoso. É reconhecer que a cozinha não é apenas lugar de trabalho doméstico, mas de criação de vínculos e transmissão de memória.
E que as mães, ao alimentar seus filhos, estão também alimentando o passado, o presente e o futuro da cultura familiar.
Na tradição da culinária brasileira — marcada por múltiplas influências indígenas, africanas e europeias —, as mães foram, muitas vezes, as grandes articuladoras dessa fusão.
São elas que mantêm viva a feijoada dos domingos, a pamonha no milho verde do interior, a moqueca feita “do jeito da vó”, o bolo de aniversário feito em casa mesmo, com calda grossa e vela torta.
São gestos simples, mas carregados de significado. Hoje, mais do que flores ou presentes, talvez o maior presente seja esse reconhecimento: a mãe como autora de afetos, de histórias e de sabores que nos constituem.
Uma autora que raramente assinou um livro, mas que deixou gravado, em cada refeição, um traço profundo da nossa identidade.
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