Muitas vezes me perguntam se as práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança) realmente geram resultados e se vale a pena investir nelas. Por isso, gosto de trazer, de tempos em tempos, exemplos relevantes que mostram na prática o impacto positivo dessas iniciativas.
Nesta semana eu trago o exemplo da Mercedes-Benz, que adotou um plano ambicioso, fundamentado em seis pilares que permeiam sua estratégia ESG.
Esse compromisso não surgiu por acaso: o setor automotivo, responsável por cerca de 15% das emissões globais de CO2, enfrenta pressões crescentes para inovar e alinhar seus negócios aos princípios ESG em redução de emissões, eficiência energética, economia circular, proteção à biodiversidade, responsabilidade social e governança ética.
Cada um desses pontos reflete um compromisso não apenas com os acionistas, mas com a sociedade e o planeta. O exemplo da Mercedes-Benz é claro: até 2039, a empresa visa neutralizar suas emissões de carbono em toda a cadeia de produção.
Em 2021, sua fábrica de Sindelfingen, na Alemanha, um símbolo de inovação, começou a operar 100% com energia renovável. Essa mudança contribui diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas) e serve de modelo para países como o Brasil, onde o setor industrial representa 20% das emissões nacionais de gases do efeito estufa.
Aqui, iniciativas como o uso de energia solar e eólica ainda enfrentam desafios regulatórios e de financiamento. Contudo, projetos como o Complexo Solar de Pirapora, em Minas Gerais, mostram que o Brasil possui potencial para replicar essa abordagem. Com mais de 400 MW de capacidade instalada, é um dos maiores da América Latina e poderia inspirar indústrias a adotarem práticas mais limpas.
Outra boa leitura de ESG na Prática: Mariana: Quando a injustiça é mais tóxica que a lama
A Mercedes-Benz não apenas fabrica carros; ela busca fechar o ciclo de produção. Um exemplo prático é o programa de reaproveitamento de baterias de veículos elétricos, em que materiais como lítio e níquel são reciclados para novos usos.
No Brasil, a economia circular ainda engatinha, mas iniciativas começam a ganhar espaço. Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), apenas 4% dos resíduos sólidos urbanos são reciclados no país, um contraste gritante com os 30% da União Europeia.
Avançar nesse tema não depende apenas de grandes empresas, mas também de políticas públicas e educação. Projetos como o de logística reversa em eletrodomésticos e eletrônicos, coordenados por associações como a Green Eletron, são um bom começo, mas precisam de maior adesão corporativa e apoio governamental.
E o comprometimento da Mercedes-Benz vai além do ambiental. Durante a pandemia de covid-19, a empresa ofereceu suporte às comunidades onde atua, reforçando a importância do capital humano em sua estratégia ESG.
No Brasil, tivemos ótimos exemplos do mesmo nível, mas vejo um potencial para ações sociais empresariais vasto, uma vez que, diferente da Alemanha, somos um país continental e com desafios étnicos, sociais, geográficos etc. Com cerca de 33 milhões de pessoas passando fome, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), empresas podem desempenhar um papel crucial e efetivo, como fazem iniciativas de doação de alimentos lideradas por grandes varejistas.
Nenhuma estratégia ESG é sólida sem governança ética. A Mercedes-Benz implementou um rigoroso sistema de compliance, garantindo transparência em todas as suas operações. Para o Brasil, onde a corrupção custa à economia cerca de R$ 200 bilhões por ano, segundo a FGV, o fortalecimento da governança é indispensável.
Empresas como Natura e Weg já lideram pelo exemplo, mas há um longo caminho para integrar boas práticas a todos os setores. A falta de confiança em nossas instituições públicas não pode continuar sendo uma desculpa ou justificativa para não nos tornarmos os agentes das mudanças que queremos ver.
A história da Mercedes-Benz é inspiradora não apenas pelo impacto ambiental que busca reduzir, mas pelo exemplo de como o ESG pode transformar negócios e sociedades. No Brasil, as oportunidades de replicar essa abordagem são imensas. Com recursos naturais abundantes, uma população resiliente e exemplos locais já em prática, o país tem tudo para liderar a sustentabilidade global.
Já passou da hora de deixarmos de ser meros espectadores e assumirmos o protagonismo em um novo capítulo sustentável, com impacto positivo e significativo perante o mundo.
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