Essa semana, fui convidado pela Época Negócios e Um Só Planeta para participar de um evento crucial sobre mudanças climáticas, intitulado “Mind The Gap 2024”. Como diretor da O2eco Tecnologia Ambiental, que aplica tecnologias voltadas para garantir a segurança e saúde hídrica da população, tenho acompanhado de perto as discussões sobre resiliência climática e a transição para uma economia de baixo carbono.
O evento contou com dois painéis temáticos: o primeiro abordou a mudança de mentalidade, com a presença do professor e ativista indígena, Edson Kayapó, e da especialista em investimentos sustentáveis e de impacto, Mariana Cançado.
Edson Kayapó falando no Mind The Gap 2024 (Créditos: Fotógrafo Alexandre DiPaula)
O segundo painel focou na adaptação climática nas cidades, com a participação de Monique Evelle, fundadora da Inventivos, Pedro Henrique de Christo, urbanista especializado em questões climáticas, e Roberto Speicys, CEO da startup de mobilidade Scipopulis.
Para enriquecer o debate, o evento teve ainda a participação de atores do tema climático como o cientista Prof. Carlos Nobre, a futurista Amy Webb, e o jornalista climático e autor do livro “The Heat Will Kill You First” (“O Calor Vai te Matar Primeiro”, em tradução livre), Jeff Goodell.
O “Mind the Gap 2024”, trouxe à tona debates acalorados, repletos de ideias inovadoras e boas intenções, mas uma constatação ficou clara para mim: o que mais me impressiona, e preocupa, é a crescente distância entre o discurso e a ação, pois ainda estamos presos em um ciclo de “blá, blá, blá”, onde as palavras muitas vezes não se traduzem em ações concretas.
É evidente que todos reconhecem a urgência da crise climática, mas a verdadeira mudança só ocorrerá quando as grandes empresas assumirem a linha de frente, passando do discurso para a prática. E foi ótimo vê-las algumas delas por lá, isso mostra interesse, porém o quanto mais podem (podemos) fazer a respeito?
No Brasil, essa realidade é ainda mais evidente. Nosso país, que abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, está na linha de frente dessa batalha. A Amazônia, por exemplo, não é apenas o pulmão do mundo; é também uma das maiores fontes de água doce e reguladora do clima global.
Perder a Amazônia seria como desligar o sistema de suporte de vida do planeta. Estima-se que, com a preservação dessa floresta, poderíamos evitar a emissão de cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2 por ano. É uma quantia que faria uma diferença crucial na luta contra as mudanças climáticas.
Leia mais: Etarismo ou inovação com sabedoria?
Recentemente, dezenas de empresas e instituições financeiras ao redor do mundo (um número importante, mas pífio para uma escala global) assinaram uma carta aberta e estão comprometidas em transformar suas operações, cadeias de valor e até mesmo setores inteiros para contribuir com uma economia que depende de ecossistemas saudáveis.
Elas entendem que a ação voluntária é importante, mas insuficiente. O que precisamos em conjunto é de uma liderança governamental que fortaleça – e não enfraqueça – as políticas e regulamentos que impulsionam essa mudança.
Estamos falando de políticas que assegurem que os atores empresariais e financeiros protejam a natureza e restaurem ecossistemas degradados. Precisamos de um uso e gestão sustentáveis dos recursos para reduzir os impactos ambientais negativos.
E, talvez o mais importante, devemos agir rapidamente, valorizar e incorporar a natureza na tomada de decisões e nas divulgações corporativas. Somente com esse tipo de compromisso é que poderemos alinhar todos os fluxos financeiros para uma transição para uma economia positiva para a natureza, com emissões líquidas zero e equitativa.
Na O2eco, por exemplo, desenvolvemos soluções que não só tratam e regeneram recursos hídricos, mas também trazem a segurança da água para comunidades inteiras.
Outro exemplo é a Inspectral, que oferece mapeamento online e por satélite, permitindo não apenas a detecção de problemas como desmatamento e crises hídricas, mas também a antecipação e modelagem de soluções preventivas. Ações como essas mostram que as soluções existem, mas precisam ser amplamente adotadas.
Além disso, iniciativas como a proposta pelo Instituto Regeneração Global (IRG), que tem sede em São José dos Campos, reforçam a necessidade de ação colaborativa. O IRG está desenvolvendo a “WikiSolution”, uma biblioteca colaborativa de soluções sustentáveis que já conta com mais de 730 iniciativas de quase 40 países.
Essa plataforma não só organiza, mas também oferece certificação ESG e aceleração para as soluções cadastradas, em parceria com incubadoras e aceleradoras.
O que falta, portanto, não são ideias ou tecnologias, mas a determinação das grandes empresas em tomar a linha de frente e liderar pelo exemplo. O momento é agora para o “Walk the Talk”, ou seja, agir de acordo com o que se prega e garantir que as palavras se tornem ações tangíveis em prol de um futuro sustentável.
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