Em pleno século XXI, quando o mundo enfrenta os desafios críticos das mudanças climáticas, a cidade de São Paulo, um dos maiores centros urbanos e industriais do Brasil e do mundo, se encontra diante de uma proposta que beira o inconcebível: derrubar 10 mil árvores para ampliar um aterro sanitário.
A área em questão abriga córregos e a nascente do Rio Aricanduva, o que aumenta a sensibilidade ambiental do local. Esse é o teor do projeto de lei enviado pela prefeitura à Câmara Municipal, conforme noticiado recentemente.
Um verdadeiro retrocesso para uma cidade que já carrega uma dura realidade, estima-se haver entre 300 e 500 rios concretados sob casas, edifícios e ruas. É impressionante pensar que são cerca de 3 mil quilômetros de cursos d’água escondidos e já sofrem com a poluição e o escoamento de águas pluviais. Remover árvores que auxiliam na retenção de águas e filtragem do solo só piorará o problema de enchentes em uma cidade que já não dá conta de escoar sua própria chuva.
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São Paulo, que já sofre com a poluição atmosférica, enchentes e ilhas de calor, agora encara a possibilidade de perder mais áreas verdes — justamente quando mais precisamos delas. Áreas arborizadas não são apenas estéticas; elas desempenham papéis cruciais na absorção de CO2, redução da temperatura e na melhoria da qualidade de vida urbana. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o mínimo recomendado é de 12m² de área verde por habitante. Em São Paulo, estamos bem abaixo disso em diversas regiões periféricas.
A ampliação de aterros sanitários é um modelo ultrapassado de gestão de resíduos e ignora alternativas modernas e sustentáveis, como a economia circular e tecnologias de reaproveitamento de resíduos sólidos.
Enquanto o Brasil recebe atenção global com a realização da COP30 em Belém, a maior cidade do país parece ignorar os compromissos climáticos que essas conferências buscam estabelecer.
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De acordo com estudos do Instituto de Pesquisas Ambientais da USP, as áreas verdes urbanas ajudam a reduzir em até 5°C a temperatura média em torno de parques e árvores isoladas.
Com a derrubada dessas 10 mil árvores, São Paulo pode vivenciar um aumento significativo nas temperaturas em regiões próximas ao aterro, agravando problemas já sentidos pela população, como as ondas de calor cada vez mais frequentes.
Ao invés de investir na ampliação de aterros, a prefeitura deveria concentrar esforços na redução e reaproveitamento de resíduos, adotando práticas de compostagem, reciclagem e tecnologias de tratamento que reduzam a dependência de aterros sanitários.
Países como a Alemanha reciclam quase 70% de seus resíduos sólidos urbanos. No Brasil, apenas 4% têm esse destino. São Paulo tem capacidade e necessidade de liderar o avanço para modelos mais inteligentes e sustentáveis.
É hora da população paulistana se manifestar contra esse projeto ultrapassado. Se não levantarmos nossas vozes, permitiremos que políticas retrógradas decidam o futuro da cidade, que poderá servir de exemplo negativo comprometendo ainda mais nossa qualidade de vida e a resiliência urbana frente às mudanças climáticas.
A proposta da prefeitura não é apenas uma ameaça ambiental; é também uma falha de visão estratégica e de alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e práticas de ESG.
Enquanto os líderes globais discutem soluções para frear o aquecimento global, São Paulo parece querer andar na contramão. Que mensagem queremos enviar ao mundo? Que mensagem queremos deixar para as futuras gerações?
Cortar árvores para ampliar aterros sanitários em uma cidade que já é sufocada por concreto e poluição é um erro histórico. O momento exige inovação, responsabilidade ambiental e compromisso com práticas ESG. São Paulo precisa de soluções que priorizem a vida, a sustentabilidade e o futuro.
Não há mais espaço para o silêncio. É preciso agir.
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