O poeta que escreve: “é preciso/um incisivo/o poema/é com/cisão” é ao mesmo tempo um homem de profusão. Com poemas expressivos, dada uma estudada condensação e elevada octanagem social e política, o poeta José Moraes Barbosa entusiasma, com sua paixão pela poesia, qualquer seja seu interlocutor.
No sábado (26), Moraes lotou o auditório da Cia Bola de Meia, na Vila Rubi, em São José dos Campos, onde lançou, em meio a performances lítero-musicais (com Alê Freitas), seu 11º livro Micro Antologia Poética (Editora NeteBooks).
A Cia Bola de Meia já é o espaço consagrado para a celebração da poesia na cidade e Moraes tem animado ali mesmo a série de saraus Ciranda de Poesia.
O conhecido poeta Moraes tem mais de 40 anos de trajetória literária. Joseense, 61 anos, ambientalista militante, o professor de História tem a simpatia de uma multidão de alunos, que teve com o mestre lições de valorização da poesia.
Seu projeto O Panfletário, criado em 1984, está em circulação até hoje. Literalmente um panfleto impresso em papel barato, com micropoemas rápidos como relâmpagos, é uma publicação distribuída gratuitamente pelas ruas da cidade, saraus, shoppings, praças públicas.
No “quadrilátero” poético de papel (o quadrilátero é dele) há lirismo, sim, mas também ativismo social e reflexões sobe o próprio fazer poético, como no poema Ouro de Aluvião: “A (pa)lav(r )a o poeta”.
Durante o lançamento, Moraes fez uma generosa homenagem aos poetas joseenses que marcaram sua trajetória, de veteranos a contemporâneos. Conhece algum? Hélio Pinto Ferreira, Dyrce Araújo, José Omar de Carvalho, Josefina Neves, Dailor Varela, Myrtes Masiero, Paulo Nubile, Elisa Barreto, Nadir Bertolini, Beth Brait, Rubéns Eduardo Frias, Reinaldo de Sá, José Antônio Braga Barros, Olney Borges e Rolando Negrão Palma.
Com 1,90 de altura, “o maior poeta vivo da cidade”, como ele mesmo brinca ao som de uma voz potente e uma gargalhada cativante, foi um dia aquele jovem de 18 anos que ia mostrar seus poemas originais aos escritores consagrados e declamar seus versos na Praça Afonso Pena (“o canto da cultura”), no final dos anos 1970.
Como poesia é 10% inspiração e 90% trabalho duro, passou a estudar, a ler o de melhor. Cito três, que também fazem parte do meu paideuma, minha lista de preferidos: João Cabral de Mello Neto, Ferreira Gullar e Augusto de Campos.
Na verdade, desde sempre, Moraes se “filiou” ao poeta concreto de maior radicalidade, o cara de Viva a Vaia. E deu no que deu, aplausos.
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