Sergio Mendes, o músico sem fronteiras

Apesar de residir nos Estados Unidos desde 64, não é exagero dizer que Sergio Mendes (1941-2024) revelou um Brasil para o mundo

Morreu recentemente, aos 83 anos, um dos maiores ícones da cultura musical brasileira. Apesar de residir nos Estados Unidos desde 64, não é exagero dizer que Sergio Mendes (1941-2024) revelou um Brasil para o mundo.

A bossa nova, o samba e também a MPB ganharam definitivamente aderência e território internacional pela genialidade do artista que soube explorar a brasilidade e mesclá-la com elegância a influências do jazz e de outras culturas contemporâneas. Conheça alguns feitos do artista plural, Sergio Mendes.

Sergio Mendes (Créditos: Reprodução/Instagram)

Mais que nada, alegria e despretensão

Provavelmente você já ouviu a versão de “Mais que nada” (de Jorge Ben) que Sergio Mendes lançou com seu grupo Brasil’ 66. Foi um estouro, e provavelmente a primeira música brasileira a alcançar sucesso global na década de 60.

Sempre atual, suas composições e arranjos soam com frescor, autenticidade, e revelam algo de espontâneo. Não surpreende que a palavra preferida do artista seja Serendipity, como o próprio declarou: “Há uma palavra em inglês que amo: Serendipity. É a história da minha vida”.

Serendipity é a capacidade de realizar feitos e descobertas, sem pretensão, quase que por acaso. Com esta habilidade, traçou mais de 60 anos incansáveis de carreira, conquistando o público e inúmeros artistas de renome, como Frank Sinatra, Steve Wonder, Elvis Presley e Paul McCartney.

Aliás, foi a sua versão de The Fool on the hill (dos Beatles), indicada ao Grammy de 1969, a escolhida como preferida por Paul McCartney.

Artista camaleônico, Sergio se reinventava a cada década e se somava a novos artistas, novas tendências e projetos. Lançou com o grupo “The Black Eyed Peas” uma nova versão de “Mais que nada”, atualizada para a linguagem do hip-hop e rapper, conquistando novas gerações.

Não à toa, sua genialidade entrou para o hall dos grandes artistas da música internacional ao ganhar um Grammy pelo álbum “Brasileiro” (1993), e duas vezes o Grammy Latino – álbuns “Timeless” (2006) e “Bom Tempo” (2010).

Também recebeu indicações para o Oscar de melhor canção pela música “Real in Rio” (do filme-animação Rio, dir. Carlos Saldhana, 2011, no qual foi produtor, compositor e arranjador), e para o Grammy Award com o álbum “Magic” (2014).

Assista ao belo documentário sobre sua vida, “Sergio Mendes: In the Key of Joy” (dir. John Scheinfeld, 2020), em que participam inúmeros convidados.

Tem algum assunto que te intriga sobre a música? Mande uma sugestão nos comentários! Até a próxima!

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Dicas da Dra.

Venha visitar a exposição “Tom Jobim & Cassiano Ricardo”, em homenagem aos 30 anos da morte de Tom Jobim, como parte da 57ª Semana Cassiano Ricardo na FLIM.

57ª Semana Cassiano Ricardo – Curadoria de Júlio Ottoboni

Abertura da exposição: 21 de setembro, sábado, 10h

Pavilhão Marina Crespi – Parque Vicentina Aranha

Gratuito

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Raquel Aranha

Bio: Pós doutora em Musicologia (Unesp), Doutora em música (Unicamp), estudou na Real Academia de Bellas Artes de San Fernando (Madri), bacharel em Violino Barroco (Conservatório Real de Haia/Holanda), especialista em Dança Barroca e bandolinista. Em 2022 fundou o CDM (Centro de Documentação Musical) para a preservação do patrimônio musical de São Joé dos Campos.