Grandes conversas acontecem pelos corredores do cinema logo depois das sessões. Debater o impacto de um filme fresquinho na mente com entusiasmo é uma das experiências coletivas da humanidade. Um filme é capaz de mudar a gente. Deixar incrédulo, entediado ou maravilhado.
Em 2011 criaram uma rede social com o mesmo efeito de um corredor de cinema, o Letterboxd. Um lugar comum para quem queria opinar, ouvir e deixar suas notas registradas sobre filmes. Por muito tempo ele foi bem underground, mas recentemente emergiu para a massa. É provável que alguém até já tenha te perguntado qual o seu perfil por lá.
Tela de entrada do Letterboxd na web (Créditos: Reprodução)
Para você que ainda não foi apresentado, o Letterboxd é uma plataforma online onde conferir lançamentos, salvar filmes que deseja ver (a “watchlist”), avaliar os que assistiu com estrelinhas, abrir discussões, criar listas personalizadas e claro, seguir gente. Afinal, rede social se faz em comunidade.
Pode parecer sério demais, mas não tem compromisso. Você é quem faz o seu. A parte social também pode ser completamente ignorada e a plataforma servir apenas para você registrar seus interesses e salvar seus pitacos de filmes. Um diário – cinematográfico – público, mas com exposição monstruosamente menor do que o Instagram, por exemplo.
A imensa maioria dos recursos é disponibilizada gratuitamente, mas há também opções de planos pagos que permitem uma experiência sem anúncios, melhor filtragem dos filmes, escolha dos pôsteres exibidos nos seus filmes salvos, personalização de cenários no perfil e outras bobeirinhas que cinéfilos convictos podem gostar. O plano “Pro”, mais básico, custa R$ 52,90 ao ano. Já o “Patron”, uma espécie de sócio VIP com privilégios, sai a R$ 134,90 por ano.
O Letterboxd serve como uma plataforma central para os cinéfilos amadores e profissionais gerenciarem suas experiências cinematográficas. Ele oferece oferece recursos de descoberta de filmes, permitindo que os usuários encontrem novos e velhos filmes com base em seus interesses e nas recomendações de outras pessoas.
É possível atribuir classificações e escrever críticas detalhadas para compartilhar com a comunidade. Os reviews podem ser publicados como “contendo spoilers” ou não, assim não há o risco de entregar acontecimentos cruciais para quem for ler o comentário e ainda não assistiu o filme em questão. As sessões de comentários dos filmes são partes preciosas da plataforma. Os usuários se entregam, brincam, expõem sua criatividade e desabafam, às vezes com poucas palavras, em outras com textões. Veja uma seleção de bons exemplos abaixo:
Pablo Honey – “Cidade de Deus”
(Créditos: Reprodução/Letterboxd)
“Eu juro para vocês, se ao menos vocês pudessem entender português e saber o quão rico e engraçado é o vocabulário do Brasil, especialmente o vocabulário de palavrões (risada). Este filme é uma das poucas coisas que as pessoas do nosso país devem se orgulhar. Tudo o que acontece neste filme ainda acontece em algumas partes do país, diariamente. Admiro como as pessoas envolvidas em Cidade de Deus têm uma triste realidade e ainda assim fizeram um dos filmes mais icônicos dos anos 2000. É insano como reassistir ao filme é valioso.”
Ciara – “Ratatouille”
(Créditos: Reprodução/Letterboxd)
“Gusteau: qualquer um pode cozinhar!
Eu, colocando minha terceira refeição pronta de mac’n cheese do dia no microondas: que merd*a, mano… você está muito certo, cara.”
Elizaveta – “Sociedade dos Poetas Mortos”
(Créditos: Reprodução/Letterboxd)
“Eu assistindo a primeira hora e meia de ‘Sociedade dos Poetas Mortos’: estou tendo o melhor momento da minha vida, estou tão feliz.
Eu assistindo os últimos 30 minutosde ‘Sociedade dos Poetas Mortos’: estou tendo o pior momento da minha vida, estou chorando pra c*ralho.”
Outro recurso interessante é a criação de listas temáticas de filmes, como “melhores suspenses”, “filmes para chorar” ou “clássicos do cinema francês”. Você pode fazer várias e compartilhá-las com outros usuários.
A criação, porém, não precisa seguir gêneros, qualidade e absolutamente nenhum outro critério. Há listas de usuários com algum sentido comum e outras com curadoria extremamente singular, como por exemplo “filmes que teriam vinte minutos se o protagonista procurasse terapia”, “filmes que harmonizam com um latão 473ml de Brahma”, “filmes que eu assisti fazendo spinning” e “filmes para estudantes de Direito e outras pessoas irritantes e insuportáveis“.
Além de seguir os amigos e conhecidos, a parte legal de uma rede social tão variada é seguir pessoas com ideias distintas, comentar suas avaliações e participar de discussões em torno de filmes e listas. O mundo do cinema no Letterboxd é livre e democrático. Maluco, mas do bem na maioria das vezes e muito menos tóxico do que o X (ex Twitter).
(Créditos: Reprodução/Letterboxd)
(Créditos: Reprodução/Letterboxd)
Um fã da plataforma compartilhou no X uma teoria bastante convincente sobre a ideia por trás da logomarca do Letterboxd, as bolinhas laranja, verde e azul. O jornalista Víctor Aliaga disse que a descoberta aconteceu enquanto assistia uma cena do filme “Scarface”.
eu nunca vi ninguém falando sobre o que significa o logo do letterboxd
mas acho que descobri — e no mais puro acaso, quando fui rever scarface 👇 pic.twitter.com/ysPKIKjJNI
— Víctor Aliaga (@aliagavictorr) May 30, 2024
Assim como alguns jornalistas esportivos não expõem seus times do coração, muitos dos famosos no mundo do cinema evitam ter contas no Letterboxd para se protegerem do mal mais banalizado dos anos 2020: o cancelamento. Mesmo assim, alguns não têm medo de dar a cara a tapa e expor seus gostos pessoais, avaliações e críticas sobre as produções dos colegas de profissão.
O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho (de “Bacurau”, “Retratos Fantasmas” e “O Som Ao Redor”) tem quatro favoritos salvos na plataforma: “O perigoso Adeus”, “Fitzacarraldo”, “Pelos Caminhos do Inferno” e “Cabra Marcado para Morrer”, este último um clássico nacional que ele diz o ter ensinado sobre a violência no Brasil e a falta de limites do cinema brasileiro. E ainda revelou um segredo particular, “O Som ao Redor é o afilhado amoroso dele”, escreveu em seu review do filme.
O cineasta estadunidense Mike Flanagan possui até o plano Patron do Letterboxd e escolheu uma foto simpática para o seu perfil. Muito conhecido por trabalhos no terror, como o arrepiante “Hush: A morte ouve”, ele deu cinco estrelas para o clássico japonês “Ikiru”. Ele também se rende à grandeza de “Por um Punhado de Dólares”, um dos mais conceituados do cinema de faroeste, mas é ácido com quem endeusa o pistoleiro protagonizado por Clint EastWood.
“Dizer que Eastwood é ‘icônico’ neste papel parece lamentavelmente insuficiente – o personagem que ele cria é monolítico e parece parte do DNA do cinema e da cultura popular. Este é simplesmente o começo de uma persona que se tornaria estratosférica e profundamente influente”, pontuou na plataforma.
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