Em 2023, a América Latina e o Caribe enfrentaram um ano de recordes climáticos alarmantes, conforme relatado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). A combinação do fenômeno El Niño e o aquecimento global provocado por atividades humanas intensificaram desastres naturais na região, tornando o ano passado o mais quente já registrado.
A elevação dos níveis do mar e o recuo de geleiras continuaram a sua trajetória ascendente, enquanto uma drástica alteração no padrão de chuvas desencadeou uma série de secas, incêndios, inundações e deslizamentos de terra. Estes eventos culminaram em 67 desastres reportados, sendo que 77% estavam ligados a tempestades e enchentes, com destaque para o furacão Otis que devastou Acapulco e a seca severa que impactou o Canal do Panamá e a bacia do Prata.
Cidade inundada pela água (Créditos: Reprodução)
Este cenário catastrófico não é uma exceção, mas uma tendência crescente. Segundo a OMM, esses eventos extremos são reflexos diretos das mudanças climáticas impulsionadas pelo homem. Além disso, o ano de 2023 marcou uma aceleração no aumento do nível do mar nas regiões do Atlântico Sul e Norte, superando a média global.
Exemplos claros são os acontecimentos em várias partes do mundo no ano passado, como na cidade de Derna, na Líbia, uma poderosa tempestade provocou a ruptura de duas barragens, gerando uma inundação massiva que atingiu um centro populacional de cerca de 100.000 pessoas.
No Havaí, incêndios florestais devastadores em agosto resultaram na morte de mais de 100 pessoas, marcando o pior desastre natural da história do estado. A situação foi exacerbada pelos ventos do furacão Dora e por uma severa seca, com 14% do arquipélago afetado, enquanto 80% estavam classificados como anormalmente seco. Estudos indicam que o Havaí recebe hoje menos chuva do que há um século, de acordo com pesquisas publicadas pela Sociedade Real de Meteorologia do Reino Unido.
Na Grécia, uma série de grandes incêndios florestais atingiu o Parque Nacional de Dadia e a ilha de Rodes durante julho e agosto de 2023, levando à evacuação de 30 mil pessoas e destruindo mais de 100 mil hectares de floresta. Esses incêndios, descritos pela Comissão Europeia como os maiores já registrados na União Europeia, foram apenas o início dos problemas para o país. Em setembro, a tempestade Daniel trouxe chuvas torrenciais que inundaram a região da Tessália, matando 15 pessoas e destruindo extensas áreas de terra agrícola.
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Conforme o planeta aquece, a atmosfera retém mais vapor de água, elevando o risco de precipitações intensas, especialmente na Ásia, Europa Ocidental e América Latina. Esses fenômenos, amplificados por fatores como a urbanização, têm provocado inundações recorrentes em várias partes do mundo.
Crises climáticas recorrentes
No Brasil, a realidade não é menos grave. Desde o final de abril, intensas chuvas dominaram o Rio Grande do Sul, ilustrando vividamente os efeitos da emergência climática. Carlos Nobre, mundialmente renomado cientista e especializado em questões ambientais e climáticas, alerta que eventos que ocorriam uma vez por década agora são bienais. A infraestrutura do país mostra-se vulnerável, e a adaptação para enfrentar tais extremos é insuficiente.
A falta de preparação é evidente também no cenário de alertas meteorológicos. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) tem feito esforços para prever desastres com antecedência, mas ainda há um longo caminho para que a informação chegue efetivamente a todas as regiões de risco.
A resposta a essa crescente frequência de eventos extremos não pode mais ser postergada. Os países desenvolvidos investem em adaptação, mas ainda assim, as medidas parecem insuficientes frente à magnitude dos desafios. Em países em desenvolvimento, a situação é ainda mais crítica. O Brasil, por exemplo, precisa acelerar a implementação de infraestruturas adaptativas e sistemas de alerta para proteger suas populações e ecossistemas.
A flexibilização das políticas ambientais pelo governo brasileiro (atual e recente), que tem desconsiderado as recomendações de cientistas e centros de pesquisa renomados, acentua os desafios impostos pelas mudanças climáticas. O Brasil, um país com uma economia fortemente dependente da agricultura, enfrenta riscos significativos em relação à viabilidade de suas principais culturas.
Já comentei aqui na coluna “ESG na prática” que, com as alterações climáticas, a produção de café, atualmente concentrada no Sul de Minas Gerais, poderá ser deslocada para regiões mais ao sul, como Paraná e Santa Catarina, em busca de condições climáticas mais favoráveis. Da mesma forma, o cultivo de soja no Centro-Oeste, uma área que poderá sofrer com a escassez de chuvas, poderá migrar para outras partes da região. Esses deslocamentos sinalizam uma necessidade urgente de adaptação dos métodos agrícolas e de políticas públicas que respondam efetivamente às novas realidades climáticas.
O exemplo do Rio Grande do Sul ressalta a urgência: não só é essencial reduzir as emissões, como é vital acelerar os esforços de adaptação. A conversa sobre mudanças climáticas não é mais sobre o futuro; é sobre uma realidade que já bateu à nossa porta. É uma questão de adaptabilidade e resiliência, conceitos que devem guiar não apenas a política e a economia, mas cada aspecto de nossas vidas diárias.
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