Recentemente, tive o privilégio de ser selecionado, junto à minha empresa, para uma imersão de três dias no BNDES, no Rio de Janeiro, um evento voltado para negócios de impacto.
A seleção, além de um reconhecimento de muito trabalho, é um reflexo de um movimento que cresce com força, que é a busca por um impacto positivo que vá além do econômico, tocando a biodiversidade e, claro, o impacto social. A aceleradora Quintessa há quinze anos desempenha e desempenhou essa semana um papel brilhante nesse contexto, destacando não apenas o valor da sustentabilidade ambiental, mas também a urgência de olharmos para a inclusão e a diversidade de forma séria e estruturada.
Mas por que ainda precisamos de eventos, leis e aceleradoras para lembrar que a diversidade importa?
(Crédito: Pexel/ fauxels)
A palestra de Priscila Salgado, (líder de diversidade e inclusão da plataforma de recrutamento e seleção 99jobs) no BNDES me trouxe algumas perguntas: Se por exemplo, você fosse filho de uma mãe solo, preto, vindo de uma área periférica, ou então uma pessoa com deficiência, quais seriam suas chances reais no mercado de trabalho? Essa pergunta não é retórica. Ela expõe uma ferida aberta na nossa sociedade: o abismo entre o discurso e a prática quando se trata de inclusão. No Brasil, segundo o IBGE, 8% da população acima de 2 anos possui algum tipo de deficiência, o que representa cerca de 17 milhões de pessoas. No entanto, apenas 1% dos vínculos empregatícios formais no país são preenchidos por pessoas com deficiência (RAIS/2019 – DIEESE). Isso, por si só, já deveria ser suficiente para repensarmos o que chamamos de “inclusão”.
O cenário fica ainda mais alarmante quando consideramos que 88% das contratações de pessoas com deficiência ocorrem apenas para o cumprimento da Lei 8.213/91, conhecida como a Lei de Cotas. Isso revela que, na maioria dos casos, a motivação não é a valorização da diversidade, mas o medo da penalização legal. Onde está o entendimento de que a pluralidade de perspectivas é um ativo estratégico, capaz de gerar inovação, resiliência e crescimento sustentável?
A falta de oportunidades também se reflete na educação. Apenas 5% das pessoas com deficiência possuem ensino superior completo, uma diferença de 10% em relação à população sem deficiência. E, entre aqueles com deficiência, 68% não têm instrução formal ou possuem apenas o ensino fundamental incompleto. Como esperar inclusão no mercado de trabalho se a base educacional já é excludente?
Mas não precisamos olhar apenas para o que está errado. A boa notícia é que a diversidade não é apenas uma questão ética ou moral; ela é um motor de inovação e sustentabilidade. Empresas diversas têm maior capacidade de adaptação, criam soluções mais criativas e alcançam resultados financeiros superiores. Segundo estudos da McKinsey, organizações com maior diversidade étnica e de gênero em suas equipes executivas têm probabilidade 25% maior de obter lucratividade acima da média.
Portanto, a inclusão não é um favor. Não é uma obrigação legal. É uma estratégia inteligente para quem quer prosperar em um mundo cada vez mais complexo e dinâmico. O problema é que ainda precisamos de leis, cotas e campanhas para lembrar disso. O ideal seria que a diversidade fosse parte do DNA das organizações, não um item de checklist para cumprir metas de compliance.
Ser selecionado para estar no BNDES me fez refletir sobre o papel que cada um de nós pode desempenhar nesse cenário. A transformação começa com pequenas atitudes, reconhecer nossos próprios preconceitos, criar oportunidades reais de inclusão e entender que o diferente não é uma ameaça, mas uma chance de aprender e evoluir.
Que este texto seja um convite à reflexão. Não precisamos de mais discursos sobre o quanto a diversidade é importante. Precisamos de ações concretas. Porque, no final das contas, a verdadeira inclusão acontece quando deixamos de falar sobre ela e começamos a vivê-la.
Leia mais em ESG na Prática:
Bloomberg e Grupo Toyota: exemplos que inspiram
Mudanças climáticas e a urgência de medidas ESG
ESG na Prática: desastres naturais, economia e a urgência ESG
Acompanhe também:
Quer ficar atualizado sobre as notícias da região?
Entre no nosso grupo do WhatsApp!
O São José Esporte Clube perdeu para o Santo André, na noite de quarta (12) e agora está a três …
2 dias atrásA Prefeitura de São Sebastião anunciou a primeira edição do tradicional luau na praia de Boiçucanga, na Costa Sul. O …
2 dias atrásAnderson Senna (PL), vereador de São José dos Campos, afirma que uma manifestação contra o presidente Lula (PT) será realizada …
2 dias atrásA Prefeitura de Jacareí está com inscrições para 120 vagas de estágio em pedagogia, com atuação em escolas municipais.
O valor …
A Prefeitura de Taubaté determinou nesta terça-feira (11) o afastamento de um médico da UBS Jardim Mourisco, após denúncia de …
3 dias atrásA Prefeitura de São José dos Campos confirmou, nesta terça-feira (11), a primeira morte por dengue na cidade em 2025.
A vítima estava internada desde 8 …
Um casal foi barrado pela Justiça de retirar árvores da Mata Atlântica de um terreno para construção de uma casa …
3 dias atrásO São José Esporte Clube anunciou a contratação de João Ramos, zagueiro de 21 anos, para reforçar o setor defensivo …
3 dias atrásUm turista e dois funcionários de um quiosque na Praia do Tenório em Ubatuba, se envolveram em uma briga no …
3 dias atrásA passarela no km 153 da Via Dutra, próxima à Johnson & Johnson de São José dos Campos, terá rampas …
4 dias atrás