
Auditores fiscais e o empresário Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, movimentaram grandes quantias de dinheiro em paraísos fiscais e criptomoedas, segundo investigação do Ministério Público Estadual sobre um esquema bilionário de propinas envolvendo créditos de ICMS.
Marcelo de Almeida Gouveia, auditor fiscal, mantinha parte de sua fortuna na Dominion Capital Strategies, em Guernsey, território britânico considerado um dos principais paraísos fiscais do mundo. Além disso, possuía carteiras de criptomoedas autocustodiadas, que exigem senha para acesso e não podem ser bloqueadas judicialmente, recurso frequentemente usado para ocultar recursos.
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Marcelo atuava como braço direito de Artur Gomes da Silva Neto, formado pelo ITA, que teria coordenado a operação e movimentado milhões em criptomoedas por meio da Smart Tax Consultoria. À época, a empresa adquiriu 287 bitcoins e 1.774 ethers, avaliados em cerca de R$ 40 milhões, valor que hoje ultrapassaria R$ 200 milhões. O patrimônio da mãe de Artur, Kimio Mizukami da Silva, também cresceu de forma significativa, passando de R$ 411 mil para aproximadamente R$ 2 bilhões.
Durante buscas em um apartamento ligado a Marcelo, na zona sul de São José, foram apreendidos R$ 330 mil em espécie, US$ 10 mil, 600 euros, três celulares, dez pen drives, seis notebooks e um computador. Marcelo foi preso em flagrante após a apreensão.
Outros empresários e servidores públicos também foram alvo da operação, incluindo Mario Otávio Gomes, diretor da Fast Shop. Segundo o promotor João Ricúpero, o esquema movimentou cerca de R$ 1 bilhão desde 2021, com propinas pagas para agilizar ou inflar pedidos de créditos de ICMS.
Os investigados podem responder por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, enquanto o MP mantém sigilo sobre outras possíveis empresas envolvidas.