Nosso cafezinho

Po pô pó? Pó pô! Se você leu isso e automaticamente pensou num cafezinho, parabéns, você é um legítimo brasileiro! Essa frase, tão mineira quanto pão de queijo, viralizou e conquistou corações e xícaras por todo o país, mostrando o amor incondicional que temos pelo nosso sagrado líquido preto.

Mas, enquanto a gente tomava nosso café sossegado, veio a grande questão: o que será do nosso cafezinho com essa alta de preços?

(Créditos: Arquivo pessoal)

A escalada dos preços tem deixado o brasileiro de cabelo em pé (ou melhor, de xícara vazia).

A necessidade de reduzir o consumo do nosso amado grão tem sido um golpe duro – afinal, “se está caro não é para comprar”, como disse o presidente em um de seus discursos, mas como enfrentar o dia sem aquela dose de cafeína para manter a sanidade?

O café chegou no Brasil… na malandragem!

Tudo começou lá em 1727, quando o sargento-mor Francisco de Melo Palheta recebeu a missão oficial de resolver umas pendências territoriais na Guiana Francesa. Mas a missão secreta dele era bem mais interessante: dar um jeitinho brasileiro antes mesmo de o Brasil existir e trazer mudas de café pro país.

Diz a lenda que, na base do charme, ele conquistou a esposa do governador francês, que, toda encantada, deu de presente um buquê recheado de sementes e mudas de café. E foi assim, com uma mistura de sedução e diplomacia duvidosa, que nasceu a paixão nacional pelo café!

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O Brasil e o café: um caso de amor (e dependência)

No século XIX, o café já não era mais um mero coadjuvante e sim o grande amor da economia brasileira. Ele dominou o Vale do Paraíba e depois se mandou para o Oeste Paulista, onde encontrou solo fértil e fez morada.

O Brasil, claro, virou o rei do café no mundo, sendo responsável por mais de 70% da produção global.

O período do Café na nossa região ainda pode ser visto em diversas fazendas, com suas casas suntuosas dos coronéis e com as senzalas e os infelizes castigos praticados com os escravos ainda podem ser visitados e hoje fazem parte do circuito turístico, principalmente na região da Serra da Bocaina, nas cidades de Bananal, Areias e São José do Barreiro. Imperdível!

E em algumas dessas fazendas, ainda podemos, ao final da visita, degustar um cafezinho – será que a visita vai ficar mais cara?

Hoje, o café está por toda parte: no Cerrado Mineiro, no Paraná, na Bahia, no Espírito Santo… E o brasileiro segue firme e forte nessa relação, só que agora cada vez mais refinado, trocando aquele café “chafé” de antigamente por versões gourmet, especiais e sustentáveis.

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Por que estamos bebendo mais café (e com mais frescura)?

Se antes a gente se contentava com qualquer café coado no pano da vovó, hoje a coisa mudou. Agora, tem café com notas de frutas, métodos sofisticados e baristas que parecem cientistas da NASA!

Algumas razões para isso:

• Mais café especial disponível: Antes, exportávamos os bons grãos e ficávamos com a raspa do tacho. Agora, a gente também quer café de qualidade!
• Café virou experiência: Não é só tomar café, é sentir os aromas, degustar os sabores e postar no Instagram.
• Cafeterias gourmet explodiram: São Paulo, BH, Curitiba… hoje tem café chique em tudo quanto é canto. O mesmo acontece em nossa região. Vocês com certeza notaram a grande quantidade de cafeterias em nossa cidade.
• Baristas profissionais: Adeus café queimado, agora tem gente que estuda anos para tirar um expresso perfeito!
• Redes sociais e gastronomia: O café virou estrela no TikTok, nos food blogs e nos reality shows.
• Máquinas de café chiques em casa: O brasileiro trocou o coador pelo Nespresso e afins, e agora toma café premium sem precisar sair do sofá.

Como o café ficou chique e popular ao mesmo tempo?

A galera começou a explorar novas formas de tomar café, e agora temos de tudo:

• Hario V60: Coado com precisão cirúrgica.
• Aeropress: Para quem quer brincar de cientista na cozinha.
• French Press: Café encorpado, digno de novela francesa.
• Cold Brew: Perfeito para quem quer café, mas sem a pressa.

Além disso, o café se infiltrou nas empresas, nas cafeterias de rua, nos clubes de assinatura… Hoje, até cidade pequena tem seu próprio cantinho hipster do café!

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(Créditos: Arquivo pessoal)

Mas e os preços?

Se o café está cada vez mais sofisticado, o preço também resolveu entrar na tendência e subir de nível. Aqui estão os principais culpados pelo nosso desespero:

1. Geadas e secas: O clima anda tão bagunçado que o café está sofrendo mais do que a gente sem cafeína de manhã.
2. Demanda global nas alturas: Todo mundo quer café, até a China e a Índia entraram na jogada! Se trocarem o chá pelo cafezinho, com toda essa população vamos ter que achar outros “Brazis” para sustentar a produção e demanda!
3. Frete e logística caóticos: Falta contêiner, o frete subiu, e até os portos estão lentos – e quem paga a conta? Nós.
4. Alta do dólar: O café é precificado em dólar, e com ele nas alturas, o nosso cafezinho fica ainda mais caro.
5. Insumos caríssimos: Fertilizantes e defensivos agrícolas estão mais caros que café em cafeteria gourmet.

E agora, como fica nosso café?

A previsão para os próximos anos é uma verdadeira montanha-russa. Pode ser que os preços caiam com uma safra melhor… ou pode ser que continuemos pagando caro por cada gole. O jeito é ficar de olho nas tendências e torcer para que nosso amado café continue acessível!

Então, meu amigo, se você tem café em casa, proteja como se fosse ouro. Se alguém te oferecer um cafezinho, aceite com gratidão. E se o preço continuar subindo… bem, a gente se adapta.

Eu já estou me garantindo! Minhas 6 mudas já começaram a produzir. Meus agradecimentos à minha mineiríssima ex-professora de Inglês – Janaina, que nos presenteou com 3 mudas – apelidadas por nós de “po pô pó” e outras três que adquirimos no Coffee Festival em São Paulo! Afinal, ficar sem café não dá, né?

Dr. Sidney Sredni é neurologista, mas também tem outra paixão: a cozinha! Desde 1984, ele vem aperfeiçoando suas habilidades culinárias e técnicas em cursos, leituras e viagens. Essa jornada, que começou por necessidade, logo virou um hobby sério e parte fundamental de sua terapia pessoal.

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