Com licença da política, hoje vou falar de futebol, em um mergulho na memória em homenagem aos meus amigos fanáticos pela “Estrela Solitária”.
Corintiano que sou até a raiz do cabelo, até o fundo da alma, confesso que, quando criança por pouco não virei botafoguense, pelo mais puro acaso.
Brincadeiras à parte, vou contar o pecado…
Jairzinho, ex-atacante do Botafogo (Créditos: Reprodução)
Médico da seleção brasileira de 70, Lídio Toledo dava plantão pelo menos uma vez por semana na Santa Casa de Cruzeiro. Coisas do Brasil de décadas atrás. Menino apaixonado por futebol, eu ia à Santa Casa de Cruzeiro, com meu pai, Hélcio, também médico, para ouvir as histórias que Lídio contava sobre a seleção, de Pelé, Tostão, Rivelino (“Reizinho” do meu Corinthians) e, claro, dos jogadores que o Botafogo, time do coração de Lídio, emprestou ao escrete campeão de Zagallo no México — Jairzinho, Paulo César e Roberto Miranda, pelo que me lembro. Para mim, moleque do interior, que nem praia conhecia ainda, ouvir Lídio era como estar nas arquibancadas do estádio Jalisco, de Guadalajara, ou do Azteca, da Cidade do México, vendo a seleção jogar.
Uma noite, Lídio perguntou, afinal, para que time torcia o moleque tão apaixonado por futebol, que sabia a escalação dos times de cor e ouviu todos os jogos possíveis no rádio de pilha do avô.
– Ué, Corinthians, respondi.
– Isso em São Paulo, mas, e no Rio?, perguntou Lídio.
– Corinthians também, retruquei.
Não contente, Lídio insistiu: mas porque não torcer para o Botafogo, a camisa, disse ele, é quase igual, o símbolo é mais bonito e o time, admita, é bem melhor. Nada feito. Frente à minha teimosia corintiana (teimosia é uma característica de todo corintiano), ele fez uma proposta: se eu trocasse o Corinthians pelo Botafogo, ele me daria uma camisa 7, do Jairzinho, autografada. Do Botafogo. Opa, time errado. De chofre, disparei: “Não pode ser do Paulo Borges? É 7 também”. Só que do Corinthians. Dando risada, Lídio resolveu testar o fanatismo do garoto (no caso, eu). “É que eu moro no Rio e, para mim, é mais fácil conseguir uma camisa de um time carioca”, disse. “Ah, disse eu, então pode ser a 7 do Dorval”. A conversa molde troca de time acabou aí, com a menção a “El Loco”, argentino que era ídolo do Flamengo, ao lado de Fio, Samarone e Reyes. “Esse seu menino é muito teimoso”, disse Lídio ao meu pai, dando risada.
Em resumo: não ganhei a camisa 7 de Jair, mas continuei corintiano (em São Paulo, no Rio e em todos os lugares do planeta) e fã de Paulo Borges.
Leia também: Os bons companheiros
Meu pai lembrou dessa história, quase 10 anos atrás, em uma de nossas últimas conversas. Ele achava divertido ter um filho tão turrão. Pudera: por “culpa” dele, sou apaixonado por futebol e pelo Corinthians. Depois de 70, Lídio foi técnico da seleção brasileira em mais cinco Copas, sendo novamente campeão em 94, ao lado de Carlos Alberto Parreira (técnico do Corinthians) e vice-campeão em 98. Há muito já havia deixado de trabalhar na Santa Casa de Cruzeiro, embora continuasse dando plantões em hospitais públicos do Rio de Janeiro por 40 anos. Morreu em 2011, aos 78 anos, e teve seu corpo velado em General Severiano, sede do Botafogo Futebol e Regatas, clube onde foi, durante décadas, chefe do Departamento Médico. Eu, como disse acima, continuo corintiano. Nunca me arrependi disso, nem mesmo no dia em que “quase”, “quase”, “quase” virei botafoguense.
Lembrei dessa história no final de semana, com a vitória do Botafogo na Libertadores, que ajuda o sonho corintiano de estar no torneio continental em 2025. E, por meio dela, desse mergulho na memória, mando um parabéns e um forte abraço a meus amigos botafoguenses, em especial Raul Ribeiro da Costa, o “Doutor Raul”, Humberto Dutra e Jorge Jobram (botafoguense quando jovem). Para vocês, saudações corintianas…
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