O ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma rápida passagem por São José dos Campos, desfilando pelas ruas da cidade; o governador Tarcísio de Freitas nem isso. Mas ambos são personagens relevantes desta campanha eleitoral por aqui.
É fácil de explicar… Bolsonaro e Tarcísio, ao lado de outras tantas lideranças consideradas de “direita”, são responsáveis por desenhar o novo perfil do eleitor de São José dos Campos: mais conservador; em parte, capaz de vestir verde e amarelo para ir às ruas; ultraligado nas redes sociais e nos grupos de zap; à vontade para verbalizar suas convicções políticas em qualquer lugar, do churrasco de família à mesa do restaurante, da fila da padaria e do supermercado ao salão de manicure.
Claro, esse fenômeno aconteceu, em maior ou menor grau, em todo o país desde o “debacle” do governo Dilma Rousseff. Mas, em São José dos Campos, o fenômeno ganha densidade por fatores especiais: primeiro, pelo fato de a cidade já ter sido governada pelo PT em duas ocasiões, com Angela Guadagnin e Carlinhos Almeida (que, é bom lembrar, venceu a eleição em primeiro turno); segundo, pelo fato de o PT ter tido, durante anos, uma fatia fixa de, pelo menos, 25% do eleitorado, fatia essa que encolheu nas duas últimas eleições para cerca de 11%.

Resumo: São José dos Campos sempre teve um eleitorado conservador, mas o eleitor joseense 5.0 acentuou esse conservadorismo. E isso não é um lamento, como podem entender alguns, mas uma simples constatação. Exagero? Ora, basta ver o perfil da nova Câmara…
E basta olhar para o perfil dos dois candidatos que se enfrentam no segundo turno: Anderson Farias (PSD) e Eduardo Cury (PSDB), duas faces de uma mesma moeda. De um lado, Anderson se alia à censura de livros nas escolas municipais e posa de “xerife” da cidade ao abrir guerra contra a Marcha da Maconha, um movimento que passaria despercebido pela grande maioria da população não fosse a interferência direta do prefeito.
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Do outro, Cury é o coordenador do “Gabinete Paralelo”, montado pelo senador Rogério Marinho (PL) para fiscalizar o governo Lula, e trocou o PSDB pelo PL de olho em tempo de TV, recursos para a campanha e apoio direto de Bolsonaro. Ambos são conservadores e assumem isso. Mais: considerada como “terceira via”, a candidatura do Doutor Elton (União) também tem raízes conservadoras. E, juntos, Anderson, Cury e Elton tiveram 85,55% dos votos da cidade. Dispensa maiores comentários…
Que cidade surgirá das urnas de 27 de outubro?
Como sou otimista, espero que uma cidade melhor, capaz de enfrentar seus desafios e problemas, que ainda são inúmeros. Qual o melhor caminho? Cabe ao eleitor, na soma de votos, decidir.
Segue o baile…
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