Estive em Kherson [leia Rersôn] por uma semana, com um grupo internacional de voluntários. A cidade do sul da Ucrânia sofreu muito com a ocupação russa e, após a liberação (em novembro de 2022), tem sido castigada por constantes bombardeios do inimigo. Está, em boa parte, abandonada.
Dos quase 300 mil habitantes pré-guerra, sobram talvez 20 mil.
Andar pelas ruas da cidade faz pensar no filme Eu sou a lenda, com Will Smith. Por toda parte, a vegetação vai invadindo calçadas, postes, parquinhos de diversão. Aqui ou ali, edifícios com rombos enormes no teto. Estilhaços de vidro, semáforos apagados, largas ruas desertas.
Em um parque central em Kherson, um quiosque de café fechado há muito tempo.
Mas o ribombar da artilharia ao longe nos lembra que não foram zumbis que deixaram a cidade assim, e sim russos, aparentemente tão humanos quanto você e eu.
Após se retirarem da cidade, as forças russas se instalaram na outra margem do Rio Dnipro, que ali tem quase 1 km de largura e forma uma barreira quase intransponível nas atuais circunstâncias da guerra. Dali, bombardeiam a cidade diariamente com artilharia.
Os ataques são indiscriminados, atingindo edifícios residenciais e comerciais no centro da cidade, todos os dias. É impossível uma vida normal sob estas circunstâncias.
Como se isso não bastasse, o dilúvio que se seguiu à destruição da Barragem de Kakhovka, área onde os russos ainda têm controle, trouxe um novo nível de desgraça para os habitantes de Kherson e dos arredores.
Os moradores locais com quem conversei descreveram um momento de proporções cataclísmicas. Várias áreas, inclusive vilas e bairros inteiros, ficaram alagadas por dias. A torrente levou carros e até casas; levou pessoas, levou pets e cachorros e gatos. Milhares de pessoas ficaram sem abastecimento de água potável.
Isso tudo sem falar que as próprias equipes de resgate e evacuação, atuando em meio à catástrofe, foram visadas pela artilharia russa.
Para muita gente, foi o ponto final nas perspectivas de continuar vivendo em Kherson.
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A equipe de voluntários com que fui tinha vários norte-americanos, quase todos na terceira idade, mas trabalhando como se tivessem 20 e poucos; um jovem canadense do Québec, um sueco de poucas palavras. Um pessoal bem diverso, reunidos para fazer um pouquinho que fosse pela Ucrânia em guerra.
Ficamos hospedados com a equipe local de voluntários locais, em um edifício bem protegido com sacos de areia cobrindo as janelas e um porão grande e espaçoso, onde todos podiam se refugiar durante os ataques aéreos ou de artilharia.
Nosso voluntariado em Kherson consistia, em parte, em remover escombros e limpar o interior de casas ou prédios atingidos por projéteis russos.
Também trabalhamos em casas que haviam ficado debaixo d’água após a destruição da barragem. Imagine como é remover toneladas e toneladas de lama ressequida misturada com mobília, papel de parede, assoalhos, roupas, eletrodomésticos, brinquedos de crianças, livros… tudo coberto com um cheiro de mofo que se sente já de fora da casa.
Era um trabalho pesado, inglório, sujo, fedido e, até certo ponto, não muito prático. Algumas das casas em que trabalhamos, antigas e com paredes grossas (feitas para sobreviver ao inverno ucraniano), nunca mais vão ser adequadas para residência humana. Deveriam ser derrubadas inteiramente, mas às vezes são a única propriedade que resta aos donos — gente de idade, sem recursos, sem meios ou perspectivas de deixar o lugar ou começar vida nova em regiões mais protegidas.
O trabalho é a proverbial proverbial gota d’água no oceano — ou, no caso, no Rio Dnipro. Mas alguém tem de fazer.
Em um prédio onde operamos removendo destroços do sótão, atingido por um míssil russo derrubado, um senhor de idade nos perguntou sem mais nem menos por que exatamente estávamos ali — uma equipe com gente vinda de tão longe, do mundo todo, em uma cidade sendo bombardeada diariamente. “Vocês gostam da adrenalina, ou o quê?”
Foi nosso amigo quebequense que respondeu: “Viemos aqui para mostrar que há gente no mundo que se importa com vocês”.
De fato. Quando a guerra acabar, poderemos começar uma reconstrução séria de cidades sofridas como Kherson. Por enquanto, é talvez um esforço simbólico. Mas, se faz a diferença para um punhado de ucranianos, já valeu a pena.
No trem de volta para Kyiv, de vez em quando notamos veículos blindados no meio dos campos, ao longe. Estão desminando a área, um campo de cada vez. É mais um lembrete de que a Ucrânia terá de conviver com as consequências da guerra ainda por muito tempo.
Alguns dias após chegarmos a Kyiv, os ataques russos a Kherson recrudesceram. Por enquanto, não é mais seguro trabalhar nos objetos destruídos ou alagados, e foram canceladas as próximas viagens de voluntários.
Enquanto dá, a cidade vai aguentando os ataques, aguardando que as vitórias ucranianas no campo de batalha afastem a artilharia russa e permitam uma reconstrução real.
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