Semana passada, tiraram o brasão soviético do monumento da Mãe Pátria, na capital da Ucrânia. O famoso (ou infame) emblema da foice e martelo foi substituído pelo tridente ucraniano — símbolo tradicional que já se encontrava cunhado nas moedas do Príncipe Volodymyr I de Kyiv, há mais de mil anos.
Foi mais um passo no longo processo de descomunização e eliminação dos traços do imperialismo russo. Não será o último.
Monumento da Mãe Pátria em Kyiv (Foto: Reprodução/Костянтин e Влада Ліберови)
De 2015 a 2020, nos anos seguintes à ocupação russa da Crimeia e invasão do leste ucraniano, foram removidos mais de 2000 monumentos e símbolos remontando ao passado soviético da Ucrânia.
Veio 2022 e, com a invasão total russa, o processo se acelerou. O “Arco da amizade entre os povos”, um monumento central em Kyiv celebrando a união entre russos e ucranianos, teve o nome mudado para “Arco da liberdade do povo ucraniano”. A estátua dos operários russo e ucranianos junto a ele foi derrubada.
Inúmeras ruas e até cidades também ganharam novos nomes, deixando de serem associadas a figuras do passado comunista da Ucrânia.
A Ucrânia está longe de ser o único país a querer se desvencilhar das marcas do regime soviético. Nas últimas décadas, os Países Bálticos proibiram toda exibição de símbolos comunistas ou nazistas, incluindo a suástica e a foice e o martelo. Na Polônia, uma lei similar foi aprovada em 2017. Outros países como a Bulgária, Albânia e até mesmo a Hungria têm projetos-lei similares em andamento.
Em todos esses países, nas últimas três décadas, inúmeras estátuas de Lênin e outros líderes soviéticos foram colocadas abaixo.
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Na percepção das nações anexadas pela União Soviética — como os Bálticos — ou que sofreram com controle comunista intenso (como a Polônia), o comunismo da URSS é visto como um prolongamento do domínio imperialista russo.
Ou seja: remover esses símbolos equivale a reivindicar a história e a independência de cada um desses países.
Apesar da descomunização, a lei ucraniana faz ressalvas. Não se podem retirar monumentos aos ucranianos que morreram na “Grande Guerra Patriótica”, que é como na URSS era chamada a Segunda Guerra Mundial.
Sendo assim, ainda se encontram por toda a parte os monumentos aos milhões de ucranianos derrubados durante a ocupação nazista — incluindo mais de um millhão de judeus.
Mas uma coisa surpreende nesses monumentos: as datas. No Ocidente, aprendemos que a Segunda Guerra Mundial durou de 1939 a 1945. Na URSS, a data reconhecida (e que sobrevive nas placas comemorativas) era de 1941 a 1945.
De onde vem essa diferença? De uma típica reimaginação da história — o tipo de coisa que Orwell tinha em mente ao escrever 1984.
Ao mesmo tempo em que celebrava a vitória, a URSS convenientemente omitia que, de 1939 a 1941, a URSS esteve aliada à Alemanha nazista — no famoso pacto Molotov-Ribbentrop, nazistas e soviéticos dividiram os países do Leste Europeu, com consequências devastadoras para estes.
Não é de espantar que tanto a suástica quanto a foice e o martelo sejam detestados por tanta gente nestes países, até hoje.
De seus 102 metros de altura — maior do que a Estátua da Liberdade — o monumento da Mãe Pátria contempla o Rio Dnipro lá embaixo. Apesar do estilo claramente soviético e da herança negativa a ela associada, já faz tempo que a maioria dos ucranianos vê a estátua como um símbolo de sua capital, algo a ser preservado.
Seria uma contradição rejeitar o passado soviético e valorizar o que há de ucraniano nele? Talvez. Talvez não.
A estátua é feita de aço ucraniano, construída por ucranianos. Agora, levanta um escudo com o brasão ucraniano. E o nome mudou: agora é o monumento à Mãe Ucrânia.
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