Alheio às conversas nas rodas informais, é nas terras de Taubaté que ocorre uma gestação impressionante — e nada tem a ver com “aquela” que colocou o nome da cidade no topo do ranking dos memes. É aqui que está por nascer o primeiro “carro voador” do Brasil.
Tecnicamente, não é um carro que voa, mas sim um veículo de mobilidade aérea urbana. A denominação mais correta é eVTOL, que vem do inglês e quer dizer “veículo elétrico que decola e pousa verticalmente”. É algo, realmente, entre um helicóptero, um avião e um carro movido a baterias. Bata tudo no liquidificador, e vai ter a forma com que iremos nos locomover num futuro próximo.
Por mais espantoso que possa ser, não é coisa de filme de ficção. Só pra entender o quanto isso é sério: a empresa fabricante — que é uma subsidiária da consagrada Embraer — projeta um mercado de R$ 1.656.832.400.000,00 (um trilhão, seiscentos e cinquenta e seis bilhões, oitocentos e trinta e dois milhões e quatrocentos mil reais) entre 2025 e 2040. Portanto, num intervalo de apenas 15 anos! Inovação não é brincadeira. Ela transforma, de verdade, nossas vidas, e tem o poder de transformar a realidade de uma cidade, de um estado, de um país.
Para compreendermos isso de uma forma mais próxima de todos nós, um estudo da Uber — que pretende utilizar os eVTOLs nos seus serviços de ride sharing — nos permite comparar tempo e preço, por exemplo, de um deslocamento entre Taubaté e São Paulo.
De carro (se tiver a sorte de não enfrentar engarrafamentos!!!), levaríamos 2 horas e 25 minutos e pagaríamos (se tiver a sorte de não cair numa tarifa “dinâmica”???) algo em torno de R$ 285,00. Se topássemos ir de “carro voador”, chegaríamos em apenas 20 minutos (talvez não dê tempo para uma chamada de WhatsApp) pela bagatela de R$ 916,00 — nos preços previstos para o início dessas viagens, já no próximo ano. Porém, a previsão é de redução no preço ao longo do tempo. Com a popularização do serviço, a mesma viagem custará apenas R$ 143,00!
Vendo assim, compreendemos que os “carros voadores” não farão de nós mais um top trending dos memes. Representam, juntamente com toda a inovação tecnológica, uma grande oportunidade de desenvolvimento para Taubaté, e de geração de emprego e renda para os taubateanos.
Nesse sentido, um programa bem-sucedido da Secretaria de Desenvolvimento, Inovação e Turismo (SEDINT) completa 5 anos com muita coisa a comemorar. O Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté (HITT) surgiu com o objetivo de fortalecer o ecossistema de inovação e negócios da cidade, colocando esse equipamento de Taubaté em evidência como catalisador e ponto de conexão com a região, com o resto do país e até com o exterior.
O HITT aproxima startups, profissionais, empreendedores, empresas, instituições, setor público, setor acadêmico e a comunidade local, promovendo conexões, novos negócios e networking.
Dentre os resultados alcançados: mais de 120 empreendedores (startups), com mais de 600 postos de trabalho gerados; mais de 500 mentorias de acompanhamento dos projetos residentes; mais de 350 eventos de fomento ao empreendedorismo inovador; gestão de mais de 80 projetos inovadores; 5 rodadas de negócios regionais do CIESP; visita de diversas comitivas oficiais de escolas, cidades, outros estados e até outros países — incluindo parcerias com hubs de Portugal — e a adesão das principais instituições patronais, academias e da comunidade local para a construção de um ecossistema mais robusto, voltado à inovação e ao fomento de novas iniciativas de startups.
Este marco dos 5 anos confirma o acerto da política pública de inovação como elemento fundamental para a transformação da sociedade e para a criação de um ambiente fértil ao empreendedorismo, à geração de empregos qualificados e à renda de maior valor em benefício dos taubateanos.
Porém, ainda mais importante é o que deve vir desse amadurecimento: o Parque de Inovação Tecnológica de Taubaté. Esse passo, já previsto em papel, deve ser trilhado agora — justamente quando temos, em terras taubateanas, um dos maiores desenvolvimentos tecnológicos do país.
O risco de não propiciar um Parque consistente, capaz de recepcionar a instalação de linhas de produção de empresas consolidadas e o ecossistema de desenvolvimento e inovação de startups que se tornam fornecedoras dessas produções industriais, pode fazer com que os incentivos dados hoje às empresas instaladas sejam desperdiçados.
Fatalmente, o que se pesquisa, desenvolve e inova em Taubaté migrará para outros municípios, afastando o taubateano das melhores oportunidades de transformação de sua realidade e de melhoria de sua qualidade de vida.
Se não dermos esse passo agora, imediatamente, perderemos não o bonde da história, mas sim o “carro voador” que arrasta o futuro. É hora de o taubateano trazer inovação para as rodas de conversa e cobrar de seus representantes os votos que lhes confiaram.
O tempo voa. Os carros (agora) também!
Fonte: Pesquisas ao livro O Direito da Inovação: O Direito e os Carros Voadores, do Prof. Vianney Gonçalves Júnior.
Gabriela Oliveira é formada em Marketing e Publicidade, especializada em mídias sociais nas organizações e Assessoria de Imprensa.
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