Não se deixe enganar pelo canto das sereias: no segundo turno entre Anderson e Cury, quem tem o poder de decisão somos nós.
Tempos atrás, antes do início da campanha eleitoral, escrevi um artigo neste espaço intitulado “As pessoas têm o poder”, numa tradução literal de um clássico de Patti Smith, a poetisa do punk.
Nele, disse que Anderson Farias (PSD), Eduardo Cury (PL), Doutor Élton (União), Wagner Balieiro (PT), Wilson Cabral (PDT) e Toninho Ferreira (PSTU) estavam na disputa atrás de uma vaga de emprego. E, por fim, perguntava: qual deles melhor representa você?
O eleitor deu a resposta neste domingo…
Bombardeado por números e números de pesquisas para todos os gostos e tendências, promessas, zilhentas estratégias de marketing político e toneladas de propaganda eleitoral, o eleitor de São José dos Campos decidiu levar a disputa pelo Paço Municipal para o segundo turno, opondo dois nomes que, até tempos atrás, representavam a mesma face da mesma moeda: Anderson e Cury.
O primeiro obteve nas urnas 39,6% dos votos; o segundo, 25,9%. Entre os dois, na prática, uma diferença de 50.114 votos. Em busca de um nome alternativo e competitivo a Anderson e a Cury, o eleitor ainda deu um fôlego extra a Elton, que atingiu 19,89%, com a marca de 72.745 votos

E agora?
Bem, para os candidatos e suas equipes, agora é momento de entender o que, por vontade do eleitor, aconteceu no domingo passado e traçar a rota para o futuro. Futuro, aliás, que tem data para chegar: 27 de outubro, dia do segundo turno das eleições municipais.
O que trouxe Anderson até aqui, na condição de favorito? Ora, a resposta é fácil: foi a traulitada na cabeça provocada pela pesquisa Ipec/Vanguarda, divulgada semanas atrás, colocando Cury na liderança isolada e Anderson embolado com Doutor Elton, sob risco real do candidato do PSD ficar fora do segundo turno.
A partir daí, Anderson e aliados (entre eles, FelIcio Ramuth) recalcularam a rota da campanha, renovaram seu arsenal e partiram, literalmente, para o ataque.
Curiosamente, o bloco PL/PSDB fez exatamente o inverso: puxou o freio de mão, como se quisesse administrar a vantagem apontada pelos institutos de pesquisa. Qual a razão disso? Seja lá qual for a explicação, a decisão permitiu a Elton se aproximar de Cury, dando emoção extra à reta final do primeiro turno.
Volto a perguntar, e agora?
Com o peso do governo a seu favor e o expressivo volume dos 145.061 votos obtidos no último domingo (6), Anderson larga em vantagem neste segundo turno. Mas nada está definido. Cury traz uma carga de 94.947 votos do primeiro turno, o apoio do ex-prefeito Emanuel Fernandes, um mito político de São José dos Campos, e a possibilidade de herdar uma boa parte dos eleitores de Elton. Por isso, nada está definido.
A cidade está vivendo a eleição mais disputada em três décadas, opondo modelos políticos que têm a mesma raiz: o PSDB, hoje quase eclipsado pelos caciques “estrangeiros” que trouxeram suas diferenças e sua “pajelança” política para cá, de Gilberto Kassab a Valdemar da Costa Neto, sem esquecer Jair Bolsonaro.
Mas, no frigir dos ovos, não perca o foco: no final, quem decide tudo é você. Ou melhor, somos nós, com a soma dos nossos votos. Anderson ou Cury, qual deles melhor representa você? O poder real está com as pessoas. O resto é blábláblá.
Segue o baile…
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