Ser skatista é uma arte e não tem nada melhor do que ver um artista executar suas obras. Rafael Tomé é artista desde criança e o skate faz parte integral de sua vida.
Aos quatro anos, ganhou seu primeiro skate, e hoje, aos 18, é profissional e disputa campeonatos pelo Brasil e mundo inteiro.
O garoto já faturou seu primeiro título “pro” neste mês, ao vencer a etapa de Cascavel do Brasileiro da categoria park, na qual skatistas se aventuram em piscinas vazias e obstáculos.
O segredo de ser um skatista é estar sempre se divertindo. “Quando estou com meu skate, estou feliz. Até mesmo nas competições, o segredo é se divertir e isso me ajuda muito a conseguir acertar as manobras que penso”, diz Rafael.
Com inspirações em Luigi Cini e Augusto Akio, o garoto preza por um estilo bem técnico e autêntico, características que valoriza nos dois brasileiros que representaram o país nas Olimpíadas de Paris.
São José e o skate
Assim como todos os skatistas de São José dos Campos, também enfrenta dificuldades para achar um local ideal pra praticar seu esporte favorito. Atualmente, ele viaja para outras cidades da região com pistas estruturadas, como Guaratinguetá.
De acordo com o jovem, faltam pistas profissionais em São José: “A cidade só tem pistas para quem quer brincar, mas para quem quer evoluir e se profissionalizar não tem“.
“Eu nunca vi um campeonato de skate aqui em São José. Em Guará tem uma pista muito boa e é pública. Acho que na nossa cidade falta ter uma pista assim (mais estruturada) até porque eu sinto que o número de skatistas está aumentando.“
Essa dificuldade impacta diretamente na rotina esportiva, mas existe um lugar na sua cidade que tem um lugar marcado em seu coração: o Quintal Skatepark.
O jovem participou da primeira turma de aulas de skate no estabelecimento e até hoje frequenta a pista para rever amigos enquanto faz manobras.
Ao pensar em São José dos Campos e skate é impossível não lembrar de Pâmela Rosa, joseense bicampeã dos X Games e medalhista dos Jogos Pan-Americanos. Por uma grande coincidência, Rafael Tomé e Pâmela moram na mesma rua e já andaram juntos diversas vezes.
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Skate na veia
Mesmo tão jovem, o skatista demonstra grande responsabilidade e leva a vida de atleta muito a sério. Para cuidar de sua saúde e melhorar sua performance, tomou a decisão de não beber nem fumar, vícios comuns para a galera da mesma idade.
Fazer academia, fisioterapia, preparo físico e mental também são cruciais.
“O preparo faz parte de todo o processo da competição, porque no momento da prova você lembra de tudo que fez, todos os sacrifícios, e no fim isso me alimenta e me ajuda a dar meu máximo.“
Além disso, ele leva uma vida completamente influenciada pelo skate: “Eu sou skatista 24 horas por dia, seja ouvindo música, vestindo minhas roupas, fazendo qualquer outra coisa“. A paixão transparece nos movimentos quando Rafael coloca as rodinhas pra girar e demonstra tanto domínio do seu amigo.
Em poucos minutos, todos os olhos da pista se voltam para o garoto, que faz com tanta facilidade o que pessoas demoram anos para aprender.
Campeonato Brasileiro
Os resultados em campeonatos também mostram o potencial do joseense. Ele foi campeão da segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Skate profissional no park.
O último domingo (8) valia muita coisa para Rafael, que estava na briga pelo título de campeão brasileiro no fechamento da temporada, que aconteceria em Santos. Mas uma forte chuva acabou minando o sonho do joseense e a final acabou sendo cancelada.
Dessa forma, ele ficou com a pontuação da semifinal e terminou o ano na quinta colocação geral. O campeão foi Pedro Vita, do Rio de Janeiro.
Mauricio Tomé, pai do joseense, disse que a decisão frustrou bastante a todos e que haviam preparado uma volta forte para buscar o título.
Por outro lado, Mauricio ressaltou que a posição garante uma vaga na liga mais importante do ano que vem e é hora de olhar pra frente.
Relação com a Itália
Rafael tem dupla nacionalidade (Itália e Brasil) e atualmente representa as cores do país europeu mundo afora.
Ele já competiu em Roma e destacou que a experiência é incrível: “Conheci muita gente nova, pude falar outro idioma e ver vários dos melhores skatistas do mundo vale a pena. Além disso, a pista é muito boa e isso faz a gente se dedicar ainda mais pelo nível altíssimo”.
Apesar de estar do lado da Itália, ainda existe um sonho de representar as cores da nação brasileira.
Evolução meteórica
Desde 2021, Rafael Tomé competiu pela primeira vez e foi campeão da categoria iniciante. Em 2022 já foi campeão amador e no ano passado já estava entre os profissionais, mas uma lesão prejudicou seu caminho.
“A segunda competição da minha vida foi o Campeonato Brasileiro de Iniciante e eu já venci. Foi ali que eu peguei gosto por competir e antes eu não tinha noção de como era essa atmosfera. Em 2023, depois do meu primeiro mundial, acabei quebrando meu pé e não consegui participar do Brasileiro.“
Apesar da lesão, esse período foi de amadurecimento para ele, o que lhe ajudou a ser um skatista mais completo.
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Representatividade joseense
O jovem carrega a bandeira joseense mundo afora e faz isso com orgulho. Há até uma motivação maior por receber apoio dos seus apoiadores.
“Eu vejo muita mensagem da galera falando do quanto eu estou representando a cidade e acho isso muito legal. Me dá um ânimo e passa na minha cabeça nas competições. Na hora que coloco meu fone e minha música, me conecto com o skate e vou pra cima.“
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