
O presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Ricardo Galvão, anunciou que deixará o cargo para assumir uma vaga de suplente de deputado federal na Câmara.
A decisão foi tomada após reunião com a ministra Marina Silva (Rede) e com Guilherme Boulos (PSOL), que deixou a cadeira para assumir a Secretaria-Geral da Presidência.
Em entrevista ao g1, Galvão explicou que seu principal objetivo na Câmara será atuar na discussão orçamentária para garantir mais recursos para as instituições de pesquisa do país.
“Quero atuar no debate do orçamento de 2026. Temos várias unidades de pesquisa no país com pouco recurso e o meu objetivo no cargo é ajudar a mudar isso“, afirmou.
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Embate com Bolsonaro
Galvão foi demitido do Inpe em 2019 após um embate público com o então presidente Jair Bolsonaro, que contestava os dados sobre desmatamento na Amazônia divulgados pelo instituto.
Na época, Galvão defendeu publicamente a credibilidade do sistema de monitoramento do Inpe, questionando a qualificação de Bolsonaro para analisar os dados.
A demissão foi considerada uma intervenção inédita e arbitrária em uma instituição científica de reconhecimento internacional.
Garantia de permanência
O físico chegou a ter dúvidas sobre assumir a vaga devido a prazos curtos, mas recebeu garantias de que permanecerá no cargo pelo menos até março de 2026.
“Conversei com a ministra e com Boulos que me garantiram que isso não deve acontecer e que eu teria a cadeira até pelo menos março do ano que vem“, explicou.
Galvão é doutor em Física pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e assumiu a direção do Inpe em 2016.
Em 2022, tentou uma vaga como deputado federal pela Rede, partido de Marina Silva, mas acabou como suplente.