
Durante os dias em que viveu na aldeia Yanomami Hemare Pi Wei, na Floresta Amazônica, quase na divisa com a Venezuela, o fotógrafo e documentarista Ricardo Martins, de São José dos Campos, experimentou uma alimentação bem diferente.
“Comi carne de anta, carne de mutum, que é uma ave grande, jabuti, cutia… Mas o que mais me impressionou foi o macaco-prego”, contou Martins, autor do recém-lançado livro Os Últimos Filhos da Floresta.
Ele lembra de uma cena marcante: um garoto da aldeia chegou com um macaco-prego recém-caçado entrelaçado ao corpo. As irmãs, ainda crianças, acenderam o fogo e, com extrema destreza, explicou Martins, começaram a preparar o animal.
“Era curioso: duas meninas com rostinho angelical, assando um macaco com feições humanas. Foi impactante. Depois, eu também comi”, disse.
Além das carnes de caça, o cardápio na comunidade incluía frutas e alimentos cultivados na floresta: banana, pupunha, fruta típica da Amazônia, mamão, mandioca e macaxeira. “Eles têm uma plantação bem grande no meio da mata, é muito bonito de ver”, relatou.
O livro Os Últimos Filhos da Floresta e o documentário homônimo, ambos lançados no MIS em São Paulo, registram a experiência do fotógrafo com os Yanomami e a relação sagrada que o povo mantém com a floresta. A obra pode ser comprada por R$ 79 no site de Martins.