A aprovação unânime da criação da Frente Parlamentar pela Anistia aos Presos do 8 de Janeiro, na Câmara de São José dos Campos, na última terça-feira (19), chamou a atenção pelo apoio das duas vereadoras do PT, partido que tem posição contrária ao tema.
Questionada pela reportagem, a vereadora Amélia Naomi (PT) explicou que seu voto foi um engano.
“Foi uma comida de bola, nós vamos fazer um requerimento meu e da Juliana, que somos contra a anistia, na realidade, porque como eles rejeitaram o requerimento do Padilha, eu fiquei focada e aí quando foi o resto dos requerimentos acabou votando. Então, eu queria registrar que nós somos contra a anistia.”, disse.
A assessoria da vereadora Juliana Fraga (PT) não comentou o voto, mas enviou nota do partido afirmando que ela também é contra a anistia.
“A bancada se manifesta contra a anistia, pois ela não é apenas um ataque ao sistema judicial nacional, que promove um julgamento que respeita a democracia e que garante o amplo direito de defesa aos implicados na tentativa de golpe de Estado, mas também ao atual governo federal que promove políticas públicas que aproximam o Brasil do pleno emprego, que retiraram o país do mapa da fome, que realiza uma política externa que garante um protagonismo
na defesa do multilateralismo e da construção de um mundo mais justo.”
Outro requerimento aprovado na mesma sessão, também de autoria do vereador Thomaz Henrique (PL), pede informações sobre a participação de médicos cubanos no programa Mais Médicos em São José dos Campos, entre 2013 e 2018.
O texto sugere que os salários dos profissionais teriam sido utilizados para “financiar a ditadura cubana”, argumento defendido pelo parlamentar em plenário. As vereadoras do PT também votaram a favor da proposta, mas não se pronunciaram sobre este voto.
Frente Parlamentar pela Anistia aos Presos do 8 de Janeiro
O requerimento aprovado é de autoria do vereador Thomaz Henrique (PL), que defende a anistia como uma forma de “pacificar o país” e critica o tempo de prisão dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Segundo ele, os responsáveis por vandalismo já teriam sido punidos, mas o enquadramento como tentativa de golpe de Estado seria, em sua avaliação, um “exagero”.
Thomaz afirmou ainda que a Frente Parlamentar será composta oficialmente na próxima semana e aberta à adesão de todos os vereadores da Casa. O objetivo, de acordo com ele, é articular apoio local às iniciativas de deputados federais e senadores em Brasília que defendem a anistia.
O vereador também argumenta que a medida teria impacto econômico. Ele citou que os Estados Unidos teriam condicionado a retirada de tarifas e sanções comerciais ao Brasil ao fim daquilo que classificam como “perseguição política”.
Para Thomaz, cidades industriais como São José dos Campos seriam diretamente afetadas.
“A Embraer ficou fora desse primeiro tarifaço, a gente não sabe qual o futuro. Ainda tem uma tarifa de 10% que a gente gostaria de zerar, que poderia impulsionar a economia de São José dos Campos, consequentemente do Brasil”, afirmou.
