
A manhã começa sem buzinas nem pressa: café tranquilo, um olhar rápido para a agenda e, quem sabe, alguns minutos extras para alongar.
O trabalho híbrido, que já foi novidade, agora é realidade para milhões de brasileiros e, quando visto sob a lente do ESG (Ambiental, Social e Governança), ele deixa de ser apenas uma questão de produtividade para se tornar um motor real de impacto positivo.
No pilar Ambiental, a lógica é clara: menos deslocamentos significam menos emissões de carbono e menos consumo de energia nos escritórios.
Globalmente, 84% das empresas afirmam ter reduzido significativamente suas emissões adotando regimes híbridos ou remotos.
No Brasil, esse efeito é ainda mais relevante, considerando que o transporte responde por cerca de 47% das emissões de CO₂ do setor de energia.
No aspecto Social, o impacto é igualmente expressivo. Segundo pesquisa da FIA Business School e da FEA-USP, 94% dos profissionais dizem que o home office melhorou sua vida.
A flexibilidade beneficia pais, cuidadores, pessoas com deficiência e quem vive longe dos grandes centros, ampliando a inclusão e o acesso a oportunidades.
Ainda assim, um estudo do ManpowerGroup mostra que apenas 63% dos funcionários consideram que sua empresa executa bem o modelo híbrido, embora 75% dos empregadores o vejam como uma ferramenta eficaz para reter talentos.
Já no campo da Governança, o modelo híbrido exige políticas claras e transparentes, monitoramento de resultados e definição de critérios objetivos para avaliar desempenho, evitando favoritismo ou sobrecarga.
Exemplos práticos no Brasil
Algumas empresas no Brasil já transformam essa teoria em prática concreta. A Flash, startup paulista de gestão de benefícios flexíveis, oferece auxílio home office como parte de seu pacote corporativo, incentivando o conforto e a produtividade do colaborador em casa.
A BeeCorp, especializada em bem-estar corporativo, leva ergonomia, saúde mental e qualidade de vida para dentro (e fora) do ambiente de trabalho, provando que cuidar das pessoas é um ativo estratégico.
A Fundação Telefônica Vivo investe em inclusão digital e formação de educadores em mais de 86% dos municípios brasileiros, conectando flexibilidade, tecnologia e impacto social positivo.
Esses exemplos mostram que o trabalho híbrido pode ser mais do que conveniência, pode ser parte de uma estratégia ESG robusta e mensurável.
Tempo híbrido como recurso sustentável
Um dos ganhos mais valiosos do modelo híbrido é o tempo. Sem horas perdidas no trânsito, podemos investir em atividades físicas, estudo, voluntariado ou simplesmente na convivência com a família.
São minutos e horas que, assim como a energia ou a água, precisam ser vistos como recursos sustentáveis, e bem administrados.
Vale lembrar que, durante a pandemia, órgãos públicos economizaram bilhões com a adoção do home office, não só em transporte, mas também em manutenção de espaços físicos. A lição é: eficiência e sustentabilidade caminham juntas.
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E você, o que faz com esse tempo?
A grande questão é transformar esse ganho em impacto real. O ESG nos convida a pensar não apenas em indicadores financeiros ou ambientais, mas também na qualidade das nossas relações e na governança das nossas escolhas diárias.
E aqui vai meu convite: observe como você usa as horas extras que o trabalho híbrido lhe oferece. Elas se traduzem em bem-estar, aprendizado, cuidado com o outro? Ou apenas viram mais tempo diante da tela?
No fim, ESG na prática não está apenas no relatório corporativo. Está na forma como cada um de nós decide viver e trabalhar no escritório, em casa ou entre os dois.
E você, leitor: qual foi a mudança mais significativa que o modelo híbrido trouxe para o seu tempo, seu bem-estar e seu propósito?