São José dos Campos registrou, entre janeiro e maio de 2025, o maior número de estupros dos últimos oito anos, com 89 casos, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP). A maior parte das ocorrências (67) se refere ao crime de estupro de vulnerável, que atinge crianças e adolescentes.
O total representa um crescimento de 39% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 64 casos. O número também supera o de 2019, pico do crime nos últimos anos, quando o município teve 82 estupros registrados nos cinco primeiros meses.
A escalada preocupa especialmente pela proporção de vítimas vulneráveis: dos 89 registros de 2025, mais de 75% envolvem menores de idade. Desde 2017, o número de estupros de vulnerável foi maioria em todos os anos (confira os dados na tabela abaixo).
O portal spriomais questionou a Prefeitura de São José dos Campos sobre a alta nos casos e também procurou esclarecer se a atual gestão tem alguma política ou plano específico para conter o avanço desse tipo de violência. A administração municipal, no entanto, não quis comentar o assunto.
Ano (de janeiro a maio) | Estupros de Vulnerável | Estupros | Total de estupros |
2025 | 67 | 22 | 89 |
2024 | 41 | 23 | 64 |
2023 | 59 | 18 | 77 |
2022 | 36 | 12 | 48 |
2021 | 34 | 10 | 44 |
2020 | 31 | 20 | 51 |
2019 | 60 | 22 | 82 |
2018 | 43 | 22 | 65 |
2017 | 41 | 14 | 55 |
Adriana Mussi, especialista na área de combate ao abuso sexual e violência doméstica, com experiência como Conselheira Tutelar e fundadora do Instituto Há Braços, aponta diversos fatores para o aumento, dentre eles, a cultura da violência e o machismo contribuem para esses crimes, reforçando desigualdades de gênero.
Além disso, a subnotificação é um problema grave, pois “muitas vítimas não denunciam e procuram ajuda por medo, vergonha e principalmente pela descrença na justiça”.
Adriana afirma que “o crime contra meninas e mulheres é banalizado“. Ela ressalta a importância de medidas que atuem em várias frentes, garantindo prevenção, proteção e responsabilização.
Para a prevenção com crianças, são necessários programas educativos nas escolas sobre direitos, sexualidade e identificação de sinais de abuso sexual, além de campanhas públicas para desmistificar tabus e incentivar denúncias.
“A educação protege nossas crianças e adolescentes. O silêncio é a maior arma do agressor. Quando o abusador é o irmão mais velho da vítima? Quando o abusador é pai legal e provedor da família? Algo que nos faz refletir sobre a denúncia. A família vai tomar providências? Muitas vezes, não.”
Adriana defende que é pela educação sexual nas escolas que muitos abusos são relatados, pois as crianças ganham confiança para denunciar.
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