Neste mês de julho, o Parque Vicentina Aranha, em São José dos Campos, recebe a exposição Cores sem Gênero – Dog’s Project, da artista visual Fernanda Segolin.
A mostra é gratuita e reúne dez obras inspiradas na linguagem do cartoon, protagonizadas por cães simpáticos utilizados pela artista para criticar os estereótipos de gênero. A curadoria é de Francela Carrera e produção da Galeria Poente.
Nas obras, azul e rosa não representam cores de meninas ou de meninos, pelo contrário, são ferramentas para contrariar a ideia de que as discussões sobre gênero podem ser polarizadas.
“Por trás desse visual lúdico e divertido, existe uma pesquisa profunda sobre identidade, liberdade e os padrões que nos são impostos. Acredito que a estética que escolhi ajuda a abrir essa conversa de forma mais leve, sem tirar a importância do debate.”
O caminho comum para a reflexão é o empoderamento, processo com grande importância dentro da vida pessoal da artista. “Já houve um momento em que eu me vestia só pra me encaixar”, lembra. Hoje seu trabalho ilustra o sentimento libertador de poder se expressar como quiser sem corresponder às expectativas dos outros.
Por que um cão?
Há contexto e critério por trás da escolha dos protagonistas da exposição. Fernanda resgata referências afetivas de sua infância, seus personagens nascem do universo dos desenhos, onde os animais costumam ser usados como metáforas para abordar temas sérios de forma acessível.
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Ela enxerga na figura do cão uma liberdade simbólica “potente” para questionar esses estereótipos que limitam muitas vezes a discussão à anatomia. Costelinha, adotado em um momento delicado de sua vida, também tem grande participação na construção das obras, portanto qualquer coincidência não é mera semelhança.
“Ele foi — e continua sendo — um grande companheiro, e com certeza inspira esse personagem por tudo o que representa para mim”, afirma.
Das ruas, pelas ruas
O grafite e a street art, outras referências para a concepção deste novo trabalho, são expressões nascidas em movimentos urbanos.
Por falar a linguagem das ruas, Fernanda se comprometeu em não limitar sua arte a salões como o do Pavilhão São José, onde a exposição permanece até agosto aberta a todos os públicos e com obras também em versões em braille, alto-relevo, QR Code para audiodescrição e visitas guiadas em Libras.
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Para alcançar grupos que histórica e injustamente não se sentem pertencentes a estes espaços, ela decidiu incluir na programação ações educativas, oficinas gratuitas e visitas de estudantes da rede pública, desejo motivado por continuar o legado da mãe, Maria Aparecida, que dedicou sua vida à educação em São José.
“Hoje, uma creche municipal no bairro Pinheirinho dos Palmares leva o nome dela — e será uma honra receber as crianças de lá na exposição. Levar arte a esses jovens é uma forma de seguir esse caminho e devolver à cidade um pouco do que recebi”, afirma a artista, consciente de que a fidelização de novos públicos depende da garantia de pertencimento.
📅 Programação
Abertura (vernissage com roda de conversa e visita guiada em Libras):
- Data: 11 de julho (quinta-feira)
- Horário: 18h às 20h30
- Local: Salão São José – Parque Vicentina Aranha
Visitas guiada e piquenique (atividade com alunos da EMEI Profª Maria Clara Fernandes):
- Datas: 14 e 15 de julho
Encerramento (roda de conversa e visita guiada acessível):
- Data: 11 de agosto (domingo)
- Horário: 18h às 20h30
🎨 Oficinas gratuitas
Realizadas no Teatro Walmor Chagas, com a própria artista. A partir de 12 anos. Inscrições pelas redes sociais: @vireialmofada e @galeriapoente
• 20 de julho – Gravura em borracha
Aprendizado de técnicas com goivas para criação de carimbos personalizados.
• 27 de julho – Notas incomuns
Criação de “notas” criativas com liberdade de formas, cores e mensagens.