Minha Coleta — Como o lixo virou inteligência, renda e política pública

A partir desta edição, a coluna “ESG na Prática” inaugura uma nova série mensal: “Startups que Transformam”.

Vamos destacar empreendedores brasileiros que estão aplicando, de forma concreta e inovadora, os princípios do ESG (Ambiental, Social e de Governança), com impacto mensurável.

Porque transformação real começa na prática, com soluções que melhoram a vida das pessoas e regeneram o planeta. Neste mês, o destaque vai para a cleantech Minha Coleta.

Fundada em 2019 por Eduardo Nascimento, (um empreendedor nato que desde a infância pedia a mãe para comprar chocolates para revendê-los), a Minha Coleta é uma startup que atua na gestão inteligente de resíduos sólidos, com foco em condomínios residenciais e empresas.

Mais do que uma empresa de reciclagem, ela une tecnologia, logística reversa, inclusão social e gamificação para criar uma nova cultura de consumo e descarte responsável.

O Brasil produz cerca de 82,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, segundo a Abrelpe (2022). Desses, mais de 40% ainda vão para locais inadequados.

Em contrapartida, menos de 4% são reciclados de fato. Além do impacto ambiental, isso representa uma enorme perda de valor econômico e uma oportunidade de inovação.

É exatamente esse vácuo que a Minha Coleta ocupa. A startup oferece contêineres inteligentes para separação correta dos resíduos nos condomínios, um aplicativo com gamificação para engajar moradores e uma plataforma digital que rastreia todo o trajeto dos recicláveis do descarte até a destinação final em galpões de triagem.

Esses galpões, por sua vez, empregam ex-catadores e cooperados, agora em condições mais dignas e com remuneração justa.

Mas o impacto não para por aí. A startup também oferece créditos de logística reversa para empresas que precisam comprovar suas metas ambientais — um mecanismo que une compliance regulatório com impacto ambiental positivo.

Assim, grandes marcas passam a financiar, voluntariamente ou por obrigação legal, a coleta seletiva em comunidades.

Inspirações internacionais

• Coreia do Sul: Lixeiras inteligentes reduziram 47% do descarte incorreto (World Bank)
• Copenhague: Lixo reciclável convertido em energia para 30 mil residências
• Estocolmo: 70% economia em custos logísticos com coleta automatizada

A Minha Coleta está construindo esse futuro aqui no Brasil, com criatividade, impacto e métricas reais.

A startup já passou por programas como BNDES Garagem, Braskem Labs e InovAtiva Brasil, e recebeu prêmios de impacto da Fundação Dom Cabral, da Liderança Pública e está entre as melhores do Brasil segundo ao Ranking da Open100 Ranking Startups.

Para quem ainda acha que ESG é só uma sigla bonita no relatório anual, a Minha Coleta prova o contrário: é tecnologia que transforma. É inclusão social na prática. É gestão de resíduos como política pública inteligente.

E, acima de tudo, é uma mudança de cultura que começa dentro de casa, no prédio, no bairro. E sempre digo, o ESG começa em casa!!

Porque sim, o lixo pode ser o começo de um novo ciclo. E startups como a Minha Coleta mostram que o futuro da sustentabilidade não está no discurso, e ele pode estar no contêiner da esquina ou bem mais perto que pode imaginar, dentro da sua própria casa.

“E isso não é uma revolução, e sim evolução!“

Luís Magalhães

Luís Fernando Carneiro Magalhães é co-fundador e sócio-diretor da srtatup joseense O2eco Tecnologia Ambiental, cujo objetivo é deixar um impacto positivo no meio ambiente. Estudou Agronomia na UFFRJ e Business & Marketing na Universidade Católica da Austrália e na Universidade de Canberra.

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