Uma cratera no Parque Estadual da Serra do Mar, em Ubatuba, está sendo investigada por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A suspeita é que ela tenha sido causada pela queda de um meteorito, uma descoberta que pode acrescentar mais uma evidência de impacto meteórico no Brasil.
A cratera está localizada em Ubatumirim, próximo à rodovia Governador Mário Covas. Segundo informações da Agência Espacial Brasil, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a formação possui cerca de 1,5 quilômetro de diâmetro e uma profundidade aproximada de 300 metros.
O geólogo Paulo Roberto Martini, que integra a equipe de pesquisa, tem se dedicado a estudar a região. Ele é graduado em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), com especialização em Tecnologia de Sensoriamento Remoto pelo Centro de Tecnologia de Sensoriamento Remoto do Japão, e mestre em Sensoriamento Remoto pelo INPE.
Com vasta experiência em geociências, especialmente em Geologia, Paulo também coleciona meteoritos. Seu acervo inclui cerca de 30 amostras, entre elas, o meteorito Serra Pelada, que caiu em Carajás, no Pará, em 2017, e o meteorito Santa Vitória do Palmar, encontrado no Rio Grande do Sul, entre 2003 e 2004.
Atualmente, os estudos sobre a cratera de Ubatuba se concentram na busca por evidências rochosas que comprovem um impacto por meterorito, além da análise da estrutura terrestre do local.
“A depressão está preenchida por sedimentos e contornada por cristas. Acreditamos que o rio que atravessa a área tenha levado material do interior da cratera, transportando fragmentos que podem nos ajudar a identificar a presença de impactito, uma rocha formada pelo impacto de meteoritos”, explica Paulo.
De acordo com o cientista, a cratera de Ubatuba pode ser a mais recente causada por um impacto por meteorito já identificada no planeta.
“Estimamos que essa cratera tenha se formado há cerca de 30 mil anos. Se a origem meteórica for confirmada, Ubatumirim poderia se tornar uma das crateras mais jovens já registradas no planeta. Para efeito de comparação, a cratera do Arizona, considerada uma das mais recentes, tem aproximadamente 50 mil anos”, acrescenta o pesquisador.
Quanto ao risco local, Paulo garante que não há motivos para alarme. Se o impacto aconteceu há 30 mil anos, é improvável que um evento semelhante aconteça de novo tão cedo. Quedas de meteoritos desse porte raramente causam danos, a menos que atinjam áreas densamente povoadas, o que é extremamente raro. Portanto, a população de Ubatuba não corre risco.
No Brasil, há seis crateras oficialmente associadas ao impacto de meteoritos: Araguainha (GO-MT), Serra da Cangalha (TO), Colônia (SP), São Miguel do Tapuio (PI), Riachão (MA) e Vargeão (SC).
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