O engenheiro-vitivinicultor Paulo Almeida e sua mulher, a cineasta Laura Rebessi, voltam ao Brasil em junho para lançar os vinhos que produzem em Calce, na região vinícola de Languedoc-Roussillon, no Sul da França.
O casal faz o manejo sustentável de 6,5 hectares de solos calcários e xistosos, característicos da área, criando também, com suas videiras, paisagens de natureza estética.
As vinhas que adquiriram têm mais de 70 anos. A bodega estava sem funcionar desde 1930. Cultivam as cepas Macabeo, Grenache Blanc, Gris e Noir, Syrah e Muscat Petit Grains. Seus vinhos são produzidos com leveduras naturais e há um mínimo de intervenção. Entretanto, não são radicais, pois estudam os limites dos processos. A primeira safra é de 2019.
A minúscula vila de Calce tem cerca de 200 habitantes, entre eles o casal de brasileiros e trabalhadores de vinícolas irmãs, corajosos na dinâmica da agricultura orgânica. Cerca de 10% dos produtores franceses já se engajaram na lida natural, disse Paulo ao site Brasil de Vinhos.
O ex-engenheiro da Embraer, fora de seu dia a dia de viagens na poltrona de aviões, agora pode ser visto com os pés na terra em Calce, arando com a ajuda de um cavalo — uma imagem bastante simbólica da viticultura natural —, colhendo uvas e empenhado em outras tarefas da vida no campo.
O casal tem preocupações autênticas com a sustentabilidade da produção e com a cadeia saudável da alimentação.
A vinícola criada depois da cidadania francesa (Paulo chegou a trabalhar pela Embraer na França, e Laura fez seu mestrado em Cinema por lá) recebeu o nome de L’Étranger Vins, em alusão cult ao filósofo e escritor Albert Camus, autor do clássico “O Estrangeiro”, uma “alegoria da liberdade”.
A cultura sempre esteve na veia do casal, cultivada como plantas em São José dos Campos. Interesse que não passa despercebido: deram nomes de filmes preferidos a seus vinhos, como Porco Rosso (Syrah), Fahrenheit (Grenache Noir e Syrah) e Babel (Grenache Blanc e Gris).
O público poderá degustar dois tintos e um branco da L’Étranger no dia 8 de junho, no Salão Primeira Taça, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a apresentação será nos dias 21 e 22 de junho, na Feira Naturebas.
Paulo Almeida desembarcou em São José dos Campos em 1988 para cursar o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Não demorou a integrar a RUSD (Rádio Universitária Santos Dumont), experiência de comunicação pioneira no país.
Primeiro, organizou e catalogou o acervo de vinis; depois, passou a integrar a coordenação. A rádio transmitia muita música, entrevistas, cobria eventos ao vivo e acompanhava o andamento cultural da escola e da cidade.
“Tínhamos, em 1989, 12 horas de programação todos os dias da semana (…) Durante os seis anos que passei no ITA, a RUSD era um centro de efervescência cultural dentro do H8 [o alojamento dos estudantes]”, escreveu Paulo em depoimento ao jornal O Suplemento, órgão da AEITA (Associação dos Engenheiros do ITA).
Em 1999, Paulo entrou no curso de Filosofia da USP (Universidade de São Paulo), “abrindo outra janela de conhecimento e pensamento”.
Alguns anos se passaram e ele voltou a São José para um posto na Embraer. Veio com a mulher cineasta, que havia trabalhado no Centro Cultural do Banco do Brasil. Culturalmente inquietos e cinéfilos de carteirinha, criaram um cineclube-café, o CinePlural, que esteve aberto entre 2005 e 2006.
Paulo disse a O Suplemento que tem orgulho de ter mostrado o cinema de arte aos joseenses. Integraram também o então Instituto Magneto Cultural, voltado à produção e difusão de obras audiovisuais. A experiência durou pouco.
Por fim, em 2007, idealizaram o Ponto Pimenta, com sede no Jardim Bethânia, talvez o projeto mais audacioso: um espaço independente, autogerido, com o objetivo de azeitar a cadeia artista/obra/público.
No menu do Ponto Pimenta estavam artes plásticas e visuais, música, humanidades, fotografia e artes do corpo. “Eles agitavam o ambiente cultural da cidade”, lembra a artista joseense Pitiu Bomfin.
O ciclo se fechou com uma parceria entre o Ponto Pimenta e o CASD (Centro Acadêmico Santos Dumont), do ITA, justamente onde tudo começou.
“Atuar em cultura e arte é mudar o mundo em que vivemos, é criar outros horizontes de pensamento, é humanizar os duros números e valores da Engenharia.”
Isso parece valer também quando se trabalha com sustentabilidade na produção de vinhos naturais.
P.S. Veja a reportagem completa no site Brasil de Vinhos.
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