De empresária da moda ao topo das pistas: Lud Prado é exemplo de força feminina na música eletrônica

Em cima do palco, diante de multidão, onde a magia acontece. A DJ Lud Prado alterna a vida entre São José dos Campos e apresentações em clubes ao redor do mundo. Reconhecida como uma das melhores DJs do Brasil, a artista quebra barreiras em uma profissão dominada por homens.

Mas a carreira de Lud não começou no ponto alto da música. Então, como num back spin – barulhinho característico da música voltando para um outro trecho – , saiba como tudo começou.

Com raízes no interior de São Paulo, Ludmila se mudou para a capital para cursar moda. Após se formar, investiu no mercado abrindo uma loja de roupas na Vila Olímpia, que atendia tanto ao varejo quanto ao atacado. No entanto, diante de uma queda nas vendas, ela decidiu vender sua parte do negócio para a sócia.

A transição de carreira não foi muito complicada. Lud sempre foi uma pessoa bem relacionada, por isso tinha muitos amigos DJs que a chamavam para ficar na cabine durante as festas e isso a fez entrar no universo da música.

“Todo mundo me falava para eu fazer curso [de DJ], até uma hora que eu tive coragem de fazer e me identifiquei muito. Foi desse jeito. Fui tocando e não parei mais”, conta.

A DJ ainda aconselha que ter um bom relacionamento com pessoas desse meio ajuda muito quem quer trabalhar com música. Desde que começou, há quase oito anos, ela já conquistou muitos sonhos.

Foi eleita como Djane Revelação – gíria utilizada na França e Alemanha para se referir a uma DJ feminina – em 2019 pela revista Djane Mag Brasil, e esteve no TOP Brasil DJs da revista inglesa Djane Mag por dois anos consecutivos, em 2019 e 2020.

Além disso, ela tem levado sua música para muitos lugares. De clubes de São Paulo a Nova Iorque, onde nunca imaginou tocar, como por exemplo o Summer Beach Club: “é em um clube de verão bem famoso, eu amei!”. Por lá já tocaram nomes como Brody Jenner (irmão de Kyllie e Kendal Jenner) e o misterioso Claptone.

E quem frequenta eventos na região do Vale do Paraíba, já deve ter encontrado a DJ tocando em algum momento, como nos festivais Mr. Moo e Vila Mix. Se repararem nos looks, podem ver que ela nunca deixa a desejar.

Apesar de ter saído do mundo da moda, a moda nunca saiu de perto dela. Todos os conjuntos que ela veste nas apresentações são elaborados com o auxílio de um estilista. “As ideias são sempre minhas e eu sempre falo que não pode faltar brilho, porque eu adoro!”.

Se reinventar é o que faz muitas pessoas encontrarem um novo rumo, mas isso inclui muitos desafios. Alguns deles são as sabotagens por parte de colegas da profissão, que Lud diz ter sofrido, provavelmente por ser mulher em um ambiente predominantemente masculino.

“Tive vários perrengues no começo da minha carreira. Muitos DJs que iam tocar antes de mim desligaram os fios na hora de eu tocar, por pura maldade mesmo, sabe?”, revela. “Por mais que as mulheres estejam crescendo nesse mercado, é um mundo machista, infelizmente. Mas sinto que nós estamos tendo mais abertura nesse meio para poder trabalhar com música eletrônica”.

As provocações a impulsionaram a ter uma equipe para auxiliá-la, além de buscar mais conhecimento, e, claro, chegar onde está. Com isso, Lud tem marcado território na cena eletrônica, tocando brazilian bass, deep house e progressive house. “Mas eu sempre falo que eu sou do mainstream, que é o som mais comercial”, diz.

Escuta aí!

Vida pessoal e equilíbrio

Longe das festas, em sua cidade natal, São José dos Campos, Ludmila passa o tempo ao lado da família e principalmente com a filha Alice, de 10 anos. Para ela, não é difícil conciliar a maternidade com a profissão.

“Durante a semana eu estou sempre com ela e não é sempre que eu toco nos finais de semana. Pra mim é bem tranquilo, até melhor do que se eu trabalhasse todos os dias da semana”. 

E quando é possível, a pequena ainda acompanha a mãe. Uma dessas vezes foi no encerramento do show de Ivete Sangalo, há um ano: 

“Ela amou, só que não aguentou ficar até o final, porque o horário foi um pouco mais tarde. Ela sempre pede pra levar e, quando posso, faço de tudo pra ela ir. Mas não estou preparada para quando ela quiser ir pra balada”, confessa. “Vou segurar o máximo que der pra ela não sair sozinha, só sob meus cuidados”. 

Na cidade, um dos lugares favoritos de Lud é a Praça do Aquarius, onde costuma fazer atividades ao ar livre. 

Lud na casa mais vigiada do Brasil? 

Entre uma música e outra, tem uma que Ludmila nunca lançou. A artista já passou por todo o processo seletivo do Big Brother Brasil para a edição de 2021, que teve o joseense Rodrigo Mussi no elenco, mas não chegou a entrar no reality show. 

Toda a seleção foi feita de forma online, Lud passou por diversas entrevistas, inclusive de testes de paciência, até chegar na fase final no Rio de Janeiro, em dezembro de 2020. Lá Conversou com psicóloga, tirou as medidas com costureiras para os looks das festas, e até foi entrevistada por Boninho e a equipe do programa.

O esperado é que ela fosse buscada em casa na primeira semana de janeiro, mas a carona nunca chegou.  No ano seguinte ela foi chamada novamente, mas a ida para a casa mais vigiada do país também não vingou. 

A DJ conta que não ficou chateada pela situação: “fiquei tranquila, porque acho que se não era pra ser, não era”. Mas a vida continua e, com ela, muitos objetivos para serem concluídos. “Sonho em tocar em mais clubes fora do Brasil. Espero um dia atingir isso”. 

Esta matéria faz parte da série especial “Made in Sanja”, produzida pelo portal spriomais, que celebra a população de São José dos Campos e traz histórias de pessoas que impactaram seu entorno e se destacaram Brasil afora. 

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