A indústria brasileira de tecnologia espacial fez história na madrugada de sábado (15) com o lançamento do VCUB1, o primeiro nanossatélite desenvolvido integralmente por uma empresa do Brasil.
O lançamento do satélite, produzido pela Visiona Tecnologia Espacial, com sede no Parque Tecnológico de São José dos Campos, ocorreu às 3h48 na Base de Lançamento de Vandenberg, no estado da Califórnia (EUA).

O VCUB1 faz parte de uma joint-venture (união de duas associações) entre a Embraer e a Telebras e atua na observação da Terra e coleta de dados.
Ele apresenta uma plataforma de alta performance, com arquitetura semelhante aos grandes satélites e equipamentos modernos, que demonstram a capacidade da indústria brasileira em realizar missões espaciais avançadas.
Antes de ser enviado para os Estados Unidos, o nanossatélite passou por longos e complexos ciclos de testes no Laboratório de Integração e Testes do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Para o lançamento, a Visiona contratou a empresa de logística e transporte espacial D-Orbit. O nanossatélite brasileiro foi lançado pelo foguete Falcon 9 na missão Transporter 7, responsável por colocar em órbita diversos microssatélites e nanossatélites para clientes comerciais e governamentais.
Após o lançamento, o VCUB1 será levado com precisão para sua órbita final pelo veículo de transferência orbital ION da D-Orbit e passará por um período de estabilização e testes preliminares.
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O objetivo da missão é permitir que o equipamento entre em operação definitiva na prestação de serviços de sensoriamento remoto e coleta de dados, além de permitir o desenvolvimento e a validação de tecnologias espaciais desenvolvidas pela Visiona.
Essas tecnologias incluem o Sistema de Controle de Órbita e Atitude de satélites, que é a principal lacuna tecnológica da indústria espacial brasileira, além dos softwares de Sistema de Gestão de Dados de Bordo e do Rádio Definido por Software.
O projeto incorpora uma arquitetura de sistemas modular e escalável que poderá ser utilizada em satélites de maior porte no futuro, permitindo a incorporação de mais tecnologias nacionais às missões do Programa Espacial Brasileiro.
“O lançamento do VCUB1 é um marco para a indústria aeroespacial brasileira, pois coloca o país em um seleto grupo de nações que dominam todo o processo de desenvolvimento de satélites e nos capacita para voos ainda maiores”, afirmou João Paulo Campos, presidente da Visiona Tecnologia Espacial.
“O VCUB1 é o resultado de anos de esforços para a criação de uma empresa integradora de sistemas espaciais brasileira, iniciado com o programa SGDC”, completou João Paulo.
Mais sobre o VCUB1
O nanossatélite VCUB1 baseia-se numa plataforma CubeSat 6U de 12 quilos com dimensões de 30 x 20 x 10 centímetros e traz o estado da arte em tecnologias de pequenos satélites.
A Visiona implementou, e irá testar no VCUB1, todo software que integra o computador de bordo, o cérebro do satélite, incluindo o sistema de controle de órbita e atitude, inédito no país, e o sistema de gestão de dados de bordo, que permite o controle de todos os componentes do satélite.
A empresa também validará o software de comunicação do satélite, importante para implementação dos serviços finais e para garantir a segurança das comunicações e do controle do satélite, elemento importantíssimo para a nossa soberania no espaço.
A missão também permitirá a qualificação no espaço da primeira câmera reflexiva projetada e produzida no Brasil, a OPTO 3UCAM, uma câmera óptica multiespectral com resolução de 3,5 metros e 4 bandas espectrais e de um sistema de coleta de dados reconfigurável via software, o satélite será capaz de realizar missões antes destinadas a satélites de porte bem superior.
A câmera utiliza tecnologias só encontradas em satélites de grandes dimensões, o que lhe permitirá gerar imagens com qualidades radiométrica e geométrica superiores às encontradas no mercado, fatores fundamentais para aplicações agrícolas e de proteção do meio ambiente. Seu sistema de coleta de dados pode operar tanto no sistema SBCD (Sistema Brasileiro de Coleta de Dados) como em outros protocolos, o que torna o VCUB1 uma plataforma ideal para aplicações de Internet das Coisas (IoT).
Além da Prefeitura de São José, a rede de parceiros do Projeto VCUB1 conta com instituições como o Instituto Senai de Inovação, o Governo de Santa Catarina, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), a AEB (Agência Espacial Brasileira), o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins) E a Transpetro (Petrobras Transporte), além de várias empresas da base industrial brasileira como a OPTO, a AMS Kepler, a Metalcard e a Orbital Engenharia, entre outras.
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