Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
O Ministério Púbilco do Rio de Janeiro afirmou na tarde desta quarta-feira (30) que o porteiro que cita o presidente Jair Bolsonaro (PSL) na investigação do caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Rocha mentiu em seu depoimento.
Segundo a promotora Simone Sibilio, dados referentes a planilha de controle de entrada e saída da portaria do condomínio Vivendas da Barra e gravações do interfone mostram que o porteiro em questão teria ligado para a residência de Ronnie Lessa, um dos presos acusados de envolvimento no crime, e não na do presidente. Ele estaria solicitando autorização para a entrada de Élcio Queiroz, outro dos suspeitos do assassinato.
Sibilio ainda afirmou que o porteiro “pode ter se equivocado” e que o depoimento dele não bate com a prova técnica adquirida pelo Ministério Público.
Mais cedo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que o STF (Supremo Tribunal Federal) e a PGR já haviam arquivado a investigação da citação do nome do presidente, por se tratar de um “factóide”.
Ontem (30) à noite, o Jornal Nacional, da TV Globo, noticiou que registros do condomínio Vivendas da Barra, e também o depoimento de um dos porteiros à Polícia Civil, deram conta de que um dos suspeitos do assassinato, o ex-policial militar Élcio Queiroz, esteve, horas antes do crime, na casa do sargento aposentado da Polícia Militar Ronnie Lessa, suspeito de ser o executor da ação, que mora no local.
O CASO
Segundo o Jornal Nacional, em depoimento, o porteiro informou que Élcio Queiroz anunciou que iria não à casa de Lessa, mas à de número 58 do Vivendas da Barra, que é a residência de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro. Ainda segundo o programa da Globo, em seu depoimento, o porteiro afirmou ter interfonado para a casa do então deputado federal e que “seu Jair” havia autorizado a entrada do visitante.
Contudo, registros de presença da Câmara dos Deputados demonstram que naquele dia o então deputado estava em Brasília, conforme também noticiado pelo Jornal Nacional.
Em setembro deste ano, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a federalização das investigações sobre o assassinato de Marielle, após ter constatado em apuração própria tentativas de desviar o curso do inquérito local. Tal solicitação tramita em segredo de Justiça.
A vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinado a tiros em 14 de março do ano passado. Os disparos foram efeituados de um carro contra o veículo em que os dois se encontravam, em meio ao trânsito, na região central do Rio de Janeiro.
RESPOSTA
Na noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro fez uma live (transmissão ao vivo) nas redes sociais para comentar a reportagem do Jornal Nacional. O presidente disse que os registros no painel de votação da Câmara confirmam que ele estava em Brasília no dia citado pelo porteiro em depoimento.
“Eu tenho registrada no painel eletrônico da Câmara presença às 17h41, ou seja, 31 minutos depois da entrada desse cidadão, desse elemento no condomínio, e tenho também às 19h36. E tenho também registradas no dia anterior e no dia posterior as minhas digitais no painel de votação.”
Ainda na transmissão, o presidente levanta hipóteses sobre os motivos que podem ter levado o porteiro a citar o seu nome em depoimento. “O que parece? Ou o porteiro mentiu ou induziram o porteiro a cometer um falso testemunho ou escreveram algo no inquérito que o porteiro não leu e assinou embaixo”, diz o presidente.
