
A Justiça de São José dos Campos condenou 11 réus investigados por integrarem uma organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro, extorsão e vínculo com o PCC no Vale do Paraíba.
As penas somam centenas de anos de prisão, com destaque para Kleber Nunes Faria de Sousa, o “Klebinho”, condenado a 115 anos de reclusão, e Nestor Favian Hernandez Perez, o “Fabianinho”, com 105 anos de prisão.
As sentenças foram proferidas pela juíza Marise Terra Pinto Bourgogne de Almeida, da 5ª Vara Criminal, no mesmo processo que resultou na prisão de empresários da região em 2024.
Já as investigações foram conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pelo Seccold da Polícia Civil, com apoio do Baep da PM.
Esquema milionário
De acordo com as investigações, o grupo atuava desde 2013 em São José dos Campos e Jacareí, comandando um esquema de empréstimos ilegais com juros abusivos e cobranças mediante ameaças.
O esquema de lavagem de dinheiro movimentou aproximadamente R$ 500 milhões.
“As vítimas, muitas delas comerciantes e empresários locais, eram coagidas a pagar dívidas com valores acima do permitido por lei, sob ameaça de violência ou de prejuízos patrimoniais“, detalhou o Ministério Público.
Algumas vítimas foram obrigadas a transferir imóveis, apartamentos, veículos e estabelecimentos comerciais para o grupo. Parte do dinheiro arrecadado seria repassada à facção PCC.
Condenados e penas
Principais condenados:
- Kleber Nunes Faria de Sousa (“Klebinho”): 115 anos, 2 meses e 5 dias de reclusão
- Nestor Favian Hernandez Perez (“Fabianinho”): 105 anos, 2 meses e 5 dias de reclusão
- Emerson Escobar Lino: 35 anos e 13 dias de reclusão
- Reginaldo Salvador dos Reis: 28 anos e 4 meses de reclusão
- Bruno Feitosa do Nascimento: 14 anos e 2 meses de reclusão
Outros condenados receberam penas entre 8 e 14 anos de prisão. A Justiça determinou ainda a perda de bens apreendidos, incluindo carros de luxo, imóveis e valores em espécie.
Defesas anunciam recursos
Advogados de alguns condenados já se manifestaram contra a decisão:
- Emerson Escobar Lino: defesa afirmou que o processo não tem “provas concretas” e que irá recorrer
- Wenceslau Monteiro Neto: advogados disseram que as acusações são “totalmente desprovidas de respaldo probatório”
- Outros réus: advogados alegam não terem sido intimados, mas afirmam que seus clientes são inocentes
A juíza considerou que elementos como interceptações telefônicas, relatórios financeiros e depoimentos de vítimas comprovam a existência de uma “estrutura organizada com divisão de tarefas” entre os investigados.