
Difícil resistir ao encanto das alturas. Estar mais perto do céu é um desejo inerente à humanidade desde a Torre de Babel. Com o crescimento vertical das cidades, surgiu uma verdadeira disputa entre países para alcançar o topo do mundo — e, muitas vezes, o Guinness Book.
Ver a cidade de cima muda a forma como a sentimos. Talvez seja por isso que os rooftops conquistaram o mundo e, mais recentemente, o Brasil. Mais do que bares ou restaurantes, são espaços de contemplação, celebração e convivência, onde o urbano encontra o céu.
O que é um rooftop
Um rooftop verdadeiro é mais do que altura: é experiência.
- Área a céu aberto
- Vento e luz natural entre taças
- Música e gastronomia integradas à vista
Nem todo espaço elevado se encaixa: o famoso Le Jules Verne, na Torre Eiffel, oferece vista incrível, mas está dentro da estrutura metálica, não em um terraço aberto — portanto, não é um rooftop no sentido moderno do termo.
Rooftop ≠ restaurante panorâmico. O diferencial é a experiência ao ar livre!
Ponto pessoal — não são oficialmente rooftops, mas tomar uma taça de Champagne no Le Jules Verne, com a cidade-luz aos pés, é algo indescritível, diria até imperdível. E visitar São Paulo e subir ao Terraço Itália para observar a cidade que não para — agora num ritmo lento, visto do alto — é simplesmente fantástico.
Leia mais: Terraço Itália: tradição, sofisticação e o sabor da história paulistana
Rooftops pelo mundo
O conceito surgiu em Nova York, no início do século XX, quando hotéis transformaram seus terraços em salões de verão para música e coquetéis.
- Paris: o Le Perchoir, inaugurado em 2013, trouxe uma nova forma de ocupar os topos da cidade-luz, oferecendo áreas abertas para convivência, gastronomia e coquetelaria — diferente dos espaços fechados ou puramente funcionais que existiam antes.
- Londres: rooftops se tornaram pontos de encontro para drinks e festas ao ar livre.
- Bangkok: o Vertigo Moon Bar, no 61.º andar do Banyan Tree Hotel, oferece vistas deslumbrantes da cidade.
Fato real: a cultura de usar coberturas urbanas para lazer remonta ao fim do século XIX, como no teatro-jardim do Casino Theatre, em Nova York (1882), um dos primeiros usos documentados de cobertura urbana para entretenimento.
Rooftops no Brasil
São Paulo
- Seen, Sky Hall Terrace Bar e Terraço Jardins: coquetéis autorais, gastronomia contemporânea e vistas deslumbrantes.
Rio de Janeiro
- Fasano Rooftop e Yoo2: horizonte de mar e morros, cenário digno de cinema.
Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre
Espaços criativos, decks abertos e experiências urbanas inovadoras.
Nordeste: João Pessoa
O Skybar Tour Genève, no topo do edifício Tour Genève, no bairro Altiplano, possui aproximadamente 145 metros de altura, sendo o bar mais alto do Nordeste e um dos mais altos do Brasil. Combina gastronomia contemporânea, coquetéis autorais e um pôr do sol sobre o mar, tornando-se destino emblemático da cidade.
Skybar João Pessoa: vista para o Atlântico, drinks autorais e um pôr do sol que virou ritual da cidade.

Nossa experiência nesse estabelecimento foi maravilhosa. A vista da praia e da cidade é realmente de tirar o fôlego. O pôr do sol com essa paisagem, somado ao ótimo serviço, completou lindamente a experiência. É verdade que o vento — já conhecido no litoral nordestino — em alguns momentos causa uma sensação de frio, mas nada que atrapalhe o encanto do momento.
Em São Paulo, subimos ao rooftop da Estação da Luz, prédio histórico que abriga a principal estação ferroviária da cidade e o Museu da Língua Portuguesa, reconstruído após o incêndio que destruiu o original. Esperávamos uma noite maravilhosa.
Mas quando visitamos espaços abertos e no alto, por vezes somos surpreendidos pelo clima. Subimos as escadas e chegamos ao topo, onde uma bela decoração, mesas bem arrumadas e garçons sorridentes com coquetéis já nos aguardavam. Infelizmente, o clima mudou: uma queda brusca de temperatura, ventos fortes e uma típica garoa paulistana insistiam em colocar água nos copos e molhar os salgadinhos.
O importante é que, como dito anteriormente, a experiência foi inesquecível.
Mais do que altura, atitude
Rooftops são sobre olhar o mundo de outro ângulo. Entre céu e cidade, convidam a desacelerar, brindar e conversar. Não é apenas a distância que impressiona, mas a sensação de estar mais perto do que realmente importa.
Faça chuva ou sol, frio ou calor — a alegria de um momento inesquecível é o que torna a vida especial. O importante é manter o bom humor e aproveitar as memórias, mesmo que no dia algo tenha nos surpreendido negativamente.
Fica a dica: faça seu brinde nas alturas com a cidade aos seus pés. Olhe para o horizonte. Respire fundo. Deixe o vento tocar o rosto e o brilho das luzes urbanas refletir na taça. Ali, entre o concreto e o infinito, tudo parece fazer mais sentido. Os rooftops nos lembram que a vida, vista de cima, ganha uma nova perspectiva — menos pressa, mais presença.
Porque estar nas alturas não é apenas sobre altura, mas sobre leveza. Sobre enxergar o belo mesmo quando o tempo muda, sobre brindar o instante e guardá-lo na memória.
Então, quando subir a um rooftop, leve consigo esse pensamento: o topo não é um destino, é um estado de espírito. E é lá em cima, entre o céu e a cidade, brinde a vida.