
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Cachoeira Paulista, colocou em operação um novo supercomputador que promete transformar a maneira como o país entende e prevê o comportamento do clima. Mas afinal, o que é um supercomputador, e o que faz essa máquina ser tão especial?
Diferente de um computador comum, que possui um ou dois processadores, o novo sistema do INPE reúne 29 mil processadores capazes de realizar 1,6 quatrilhão de cálculos por segundo. Isso dá a ele uma potência de processamento até seis vezes maior que a do Tupã, o modelo anterior, que será desativado em 2026.
Na prática, essa força de cálculo permite gerar previsões meteorológicas muito mais rápidas e detalhadas. Uma simulação que antes levava cerca de três horas agora é concluída em menos de duas — e com uma resolução até dez vezes superior, chegando a identificar chuvas, estiagens e ondas de calor com precisão de um quilômetro, quase bairro por bairro.
Segundo Ivan Márcio Barbosa, coordenador de infraestrutura de dados e supercomputação do INPE, a imagem popular de um supercomputador está longe da realidade:
“As pessoas pensam que um supercomputador é um computador com uma tela gigantesca e milhares de teclas. Não é isso. Um supercomputador é um conjunto de processadores, memórias e sistemas de armazenamento extremamente rápidos, capazes de realizar milhões de cálculos científicos. Eles têm usos muito específicos — não é o tipo de máquina para abrir um editor de texto”, explica.
O novo sistema também roda o MONAN, modelo brasileiro de previsão ambiental, que integra dados da atmosfera, dos oceanos e da superfície terrestre. Com isso, o INPE poderá simular cenários complexos de forma mais realista e emitir alertas antecipados sobre eventos extremos, ajudando órgãos como a Defesa Civil a agir com mais tempo e precisão.
O investimento nesse primeiro supercomputador foi de R$ 27 milhões, mas o projeto completo prevê a compra de outras três máquinas, somando cerca de R$ 200 milhões em investimentos. O projeto conta com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
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