De farda à tesoura, o ex-policial militar Elias Borges, de 59 anos, morador de São José dos Campos, encontrou na arte do PaperCraft um novo propósito de vida. Depois de três décadas de carreira na Polícia Militar, Elias descobriu nas esculturas de papel uma maneira de manter a mente ativa, cultivar a paciência e transmitir leveza.
O PaperCraft é a arte de transformar imagens bidimensionais em esculturas tridimensionais por meio de cortes, dobras e colagens. Diferente do origami, que se limita apenas às dobraduras, o PaperCraft permite criar personagens, animais e formas complexas com detalhes surpreendentes.
“Mais do que um hobby, o PaperCraft é uma forma de trabalhar a mente e o emocional. Ele ajuda a relaxar, a manter o equilíbrio e a paciência. E quando estamos de bem com a vida, conseguimos expressar isso através da arte”, explica Elias, que assina seus trabalhos como Brutus Paper.
Após os seus 30 anos de serviço na PM, ele buscava algo que mantivesse sua mente ativa. “Eu era militar, estava acostumado àquela vida agitada do militarismo. Quando fui para a reserva, queria continuar tendo esse 360 graus da vida, mas de uma forma que trabalhasse a essência. E o bom policial militar trabalha com a mente. Para desenvolver um bom trabalho na sociedade, ele precisa da mente bem estruturada”, conta.
A arte surgiu como um refúgio e logo se tornou também um trabalho reconhecido. “O PaperCraft passou a ser rentável a partir do momento em que comecei a fazer e receber encomendas. Esse feedback foi abrindo portas, e quando comecei a participar dos eventos, fui acolhido. É aí que a arte mostra que pode ser também um caminho profissional”, afirma.
Atualmente, Elias expõe suas peças na livraria Dudas Livros, em São José dos Campos. Para ele, mais do que esculturas, cada obra representa uma filosofia de vida: “Nosso objetivo é valorizar o que temos de melhor, que é a vida. Quando a gente está de bem com a vida, conseguimos expressar isso através da escultura”, destaca.
Segundo ele, todo o processo começa com uma imagem composta por polígonos, que é impressa em papel. A partir daí, as peças são cortadas — muitas vezes manualmente, com tesoura, régua e caneta esferográfica sem tinta para marcar os vincos. Cada linha indica a forma da dobra, seja em “montanha” ou em “vale”, até que todas as partes se unem para dar origem à escultura.
Embora existam máquinas que automatizam etapas, Elias prefere o trabalho artesanal. “O diferencial do meu trabalho é justamente a execução manual. Isso torna cada peça única”, destaca.
Elias recomenda pausas a cada 30 ou 40 minutos de trabalho para alongamento, descanso da mente e dos olhos, além de hidratação e alimentação leve. “Uma boa música ou filme tornam a experiência ainda mais prazerosa”, afirma.
Hoje, além de receber encomendas e expor suas obras em espaços como a Dudas Livros, em São José, Elias compartilha sua arte e ensina a técnica em oficinas. O que começou como passatempo virou não apenas uma fonte de renda, mas também uma forma de celebrar a vida.
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