
Imagine um pesquisador que passa noites em claro buscando uma solução para um problema socioambiental complexo. Ao seu lado, empreendedores que, mesmo diante de um mercado inóspito e competitivo, não desistem de transformar ideias em impacto positivo.
Em comum, todos compartilham algo maior do que a ambição financeira: o desejo de solucionar desafios que pertencem a todos nós. É justamente nesse ponto que entram os programas de aceleração e impacto socioambiental, pontes entre inovação, propósito e transformação.
Nos últimos anos, o Brasil tem se consolidado como um terreno fértil para aceleradoras e iniciativas que apoiam startups de impacto. Não se trata apenas de injetar recursos financeiros. Esses programas oferecem mentoria, conexões, provas de conceito (as famosas PoCs) e visibilidade estratégica.
As empresas e governos que testam as soluções têm acesso a inovação de ponta, ágil e escalável. A própria O2co Tecnologia Ambiental, a qual sou diretor e co fundador nasceu da Lei da Inovação da cidade de São Jose dos Campos-SP e nos impulsionou a voos mais altos, pois proporciona os empreendedores encontram a chance de validar suas tecnologias em cenários reais, ampliando não só o potencial de negócios, mas também o alcance do impacto socioambiental.
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BNDES Garagem
Um dos programas mais emblemáticos é o BNDES Garagem, negócios de Impacto Socioambiental, que acaba de abrir uma chamada em Agosto que vai até o dia 14 de Setembro em 2025 para startups link para inscrição.
Dezenas de soluções serão selecionadas para receber apoio em forma de mentorias, conexões e provas de conceito. Mais do que um edital, trata-se de um recado claro: o desenvolvimento econômico brasileiro precisa caminhar lado a lado com a sustentabilidade. E o programa ainda consta com a curadoria e aceleração do Quintessa.
Segundo o próprio BNDES, o programa já apoiou centenas de startups desde 2018, inclusive a O2eco Tecnologia Ambiental foi uma das selecionadas no ano passado, o programa passa por um mergulho profundo no negócio, no propósito e na estratégia, com conexões valiosas, trocas genuínas e apoio real para crescer e gerar impacto.
É um exemplo de como uma política pública pode catalisar o ecossistema de inovação ao mesmo tempo em que responde a demandas urgentes da sociedade.
A coragem de falar sobre água
Outro marco recente foi o KPMG Global Tech Innovator, competição internacional que em 2025 destacou a O2eco Tecnologia Ambiental entre as cinco startups finalistas no Brasil. Em meio a dezenas de soluções em inteligência artificial, saúde e fintechs, a KPMG fez algo raro: colocou a água no centro da conversa em um premiação em Deep Tech.
A campeã da etapa brasileira vai ao Web Summit Lisboa, representando o país no palco global. Mais do que a vitória, o mérito está na visão de reconhecer que sem água não há futuro nem para a IA, que depende dela para resfriar data centers, nem para a economia global.
Vale lembrar: até 2040, a demanda de água no estado de São Paulo deve ultrapassar 9 bilhões de m³ por ano (DAEE/SP, 2023). Se não houver inovação, eficiência e crédito hídrico, o cenário é de escassez severa.
Além do BNDES e da KPMG, o Brasil tem visto uma série de iniciativas que ampliam o espaço para negócios de impacto:
Ambev – 100+ Accelerator: programa global que já acelerou mais de 70 startups em 20 países, com foco em água, agricultura sustentável, circularidade e clima. A O2eco foi uma das selecionadas, participando do ciclo no Brasil e na Bélgica.
- BrasilLab: Conecta startups a governos, estimulando soluções para políticas públicas.
- Blue Rio: Economia Azul, sustentabilidade no RJ applybluerio.com.br
- Axcell: Chamada 2025 Startups amazônicas (sustentabilidade) axcellam.com.br
- PPBio (Axcell + Idesam): Bioeconomia na Amazônia edital em PDF
- Amaz (Idesam): Startups de impacto na Amazônia imprensa do Idesam
- BNDES Garagem: Startups de impacto socioambiental Agência de Notícias BNDES
- FINEP Inovação tecnológica (pública) finep.gov.br
- PIPE FAPESP Startups de SP na pesquisa e P&D vertieconsultoria.com.br
- Outros FAPESP Inovação, propriedade intelectual, biodiversidade fapesp.br
Esses são exemplos que reforçam que inovação socioambiental não é nicho, mas tendência estrutural. Segundo a Global Impact Investing Network (GIIN), o mercado de investimentos de impacto já movimenta mais de US$ 1,2 trilhão no mundo (GIIN, 2023).
Há, claro, desafios. O capital ainda é limitado, o risco tecnológico é alto e nem toda prova de conceito evolui para contrato. Mas a verdade é que, sem esses programas, muitas soluções permaneceriam apenas no papel.
Seja por meio do BNDES Garagem, da KPMG, da Ambev ou de tantas outras iniciativas, o recado é claro: inovação socioambiental é o caminho para conciliar desenvolvimento, sustentabilidade e justiça social.
É preciso dar luz a esses programas, porque cada edital aberto é mais do que uma oportunidade de negócio é um convite coletivo para que ciência, tecnologia e propósito caminhem juntos.