O ex‑presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta terça-feira (10) ao ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF), como parte da ação penal que apura o chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Bolsonaro reafirmou que “nunca se falou em golpe” em seu governo, descrevendo qualquer tentativa como “abominável” e prejudicial ao Brasil.
Ele também afirmou que só discutiu alternativas dentro da Constituição, como estado de sítio, mas descartou qualquer ilegalidade por falta de “clima”, “oportunidade” ou “base sólida”.
A Moraes, Bolsonaro negou ter editado ou apresentado qualquer minuta de golpe às Forças Armadas, apesar da versão da delação do tenente‑coronel Mauro Cid, que mencionou ajustes no texto por parte do ex-presidente.
Crítica às urnas e desculpas ao STF
O ex‑presidente aproveitou a presença no plenário para criticar o sistema de urnas eletrônicas, reforçando sua visão de necessidade de aperfeiçoamento, sem ter apresentado provas concretas de fraude.
Durante o interrogatório, Bolsonaro surpreendeu ao pedir desculpas ao ministro Alexandre de Moraes e a outros integrantes do STF por ter acusado, sem provas, os ministros de receber dinheiro para fraudar as eleições.
Prazo para defesas e julgamento
Com a conclusão dos depoimentos dos oito réus da fase de instruções — motivo pelo qual é chamada “núcleo crucial” — o ministro Alexandre de Moraes liberou prazo de cinco dias para defesas e acusação solicitarem diligências complementares.
Em até 15 dias, as partes apresentarão alegações finais. Em seguida, caberá a Moraes elaborar o relatório e o voto, sem prazo definido, e o processo será enviado para julgamento na Primeira Turma do STF, composta por Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux.
A expectativa é que o julgamento aconteça no segundo semestre de 2025.