
Com 58.343 e 34.262 votos, respectivamente, Eduardo Cury (PL; à época, no PSDB) e Wagner Balieiro (PT) foram os candidatos a deputado federal mais votados em São José dos Campos em 2022.
Depois vieram quatro candidatos de fora… Carla Zambelli (PL) teve 20.145 votos, Eduardo Bolsonaro (PL) chegou a 16.440 votos, Ricardo Salles (PL) ficou com 12.456 votos e Guilherme Boulos (PSOL) obteve 11.581 votos.
Segundo a lógica de muitos candidatos locais, os votos nos “estrangeiros” acabaram sendo decisivos para deixar a cidade sem uma bancada expressiva na Câmara Federal. Será?
Numa matemática simplista, feita a lápis e em papel de pão, mais ou menos 150 mil votos de eleitores joseenses acabaram migrando para candidatos de fora em 2022. Isso em um universo de mais ou menos 530 mil eleitores e com uma abstenção média de 130 mil votos. Grande, diga-se de passagem.
Bem, somando e subtraindo, sobraram 250 mil votos para serem disputados pelos candidatos locais. Parece muito, mas não é… Esse cenário ameaça se repetir em 2026.
Resultado: com um “enxame” de candidatos locais, muita gente boa deve ficar pelo caminho, sem conseguir um lugar ao sol. A regra vale para deputados federais, mas serve também para os postulantes à Assembleia Legislativa.
Na última Código Fonte: Manobra ninja dá certo: Letícia Aguiar troca PP pelo PL
E agora?
Mas cabe perguntar: a culpa é do eleitor? Eleição após eleição, diversas campanhas são feitas de valorização do voto regional, pregando a opção por candidatos locais aos cargos legislativos.
Na prática, seria a adoção do voto distrital. Mas, eleição após eleição, a bancada local de deputados fica menor ou numericamente pouco expressiva. Isso mostra que, apesar de toda a pregação do voto regional, parte do eleitorado não se identifica com candidatos locais.
Ou, invertendo a lógica, esses candidatos não conseguem atrair a atenção do eleitor que é seu vizinho. Triste. Mas desafiador…
Quem quiser chegar lá vai ter que ser criativo, encontrar nichos de eleitorado bem definidos e fazer a diferença. Senão, São José dos Campos e a RMVale vão continuar a amargar uma presença reduzida, pouco densa, no mapa político do Estado e do país. Alguém aposta em uma situação diferente?
Segue o baile…
PS: Este artigo encerra uma série de reflexões sobre as eleições de 2026. Quem leu até aqui, obrigado. Quem desistiu no meio do caminho, paciência. Até outro dia, se Deus quiser. Vai indo que eu não vou…
São Paulo elegeu 70 deputados federais, entre os quais gente como Carla Zambelli, Rosangela Moro e Eduardo Bolsonaro. O eleitor paulista não se dá conta de quantos votos jogou no lixo na última eleição, mas basta verificar o que estes três deputados federais produziram no Congresso Nacional de importante para São Paulo. Muita gente de fora vem pegar o voto do eleitor alienado de São Paulo, depois vão fazer política para outros estados, RJ, PR e o eleitor paulista fica chupando o dedo. A Mesma coisa ocorre com o eleitor de São José dos Campos e Vale do Paraíba que votam em gente de fora que, no congresso, entregam uma banana para estes eleitores. Vejam quanto Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro direcionaram de verbas das emendas parlamentares, cerca de R$ 37 milhões por ano, para as cidades que lhes deram voto no Vale do Paraíba.