
Dois dos principais centros de pesquisa e ensino do Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ambos localizados em São José dos Campos, perderam posições na mais recente edição do ranking das melhores universidades do mundo, divulgado pelo Center for World University Rankings (CWUR).
O levantamento avaliou cerca de 21 mil mil instituições de ensino superior em todo o planeta e selecionou as 2.000 melhores. O desempenho dos dois institutos joseenses, apesar da queda, ainda os mantém dentro dessa elite global do ensino e da pesquisa.
O INPE, que oferece programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) e é referência em pesquisas nas áreas de espaço, meio ambiente e clima, caiu da 1.267ª posição global em 2024 para a 1.330ª em 2025.
No cenário nacional, o INPE se manteve na 32ª posição, sem alterações em relação ao ano anterior.
Já o ITA, considerado uma das instituições de engenharia mais prestigiadas do país e que abriga um dos vestibulares mais concorridos do Brasil, teve uma queda mais acentuada.
O instituto passou da 1.828ª posição em 2024 para a 1.994ª em 2025, ficando muito próximo do limite do ranking. No Brasil, caiu da 47ª para a 52ª colocação.
Queda é padrão nacional
A queda dos dois institutos reflete uma tendência registrada entre as universidades brasileiras neste ano.
Segundo o CWUR, 87% das instituições do país perderam posições no ranking mundial, principalmente devido ao desempenho em pesquisa — critério que tem o maior peso na avaliação e que considera fatores como publicações científicas, impacto e citações.
De um total de 53 universidades brasileiras no ranking, 46 apresentaram queda em relação ao ano passado, enquanto apenas 7 conseguiram melhorar sua posição.
O que dizem INPE e ITA sobre a queda no ranking
INPE
A queda no ranking global do CWUR, segundo o INPE, se deve a dois fatores contextuais: o primeiro está relacionado a mudanças internas, como a reestruturação do programa de Engenharia e Tecnologia Espaciais, que resultou em uma redução temporária no número de alunos e, consequentemente, no volume de publicações — um dos critérios de maior peso no ranking.
Além disso, o INPE afirmou que enfrenta desafios característicos enquanto instituição pública de pesquisa nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
“Gerenciamos simultaneamente a transição geracional em nosso corpo de pesquisadores e a necessidade de otimizar nossos recursos para manter a excelência acadêmica em um cenário orçamentário restrito. Essas condições, comuns às instituições públicas brasileiras, exigem soluções criativas para garantir nossa competitividade internacional e a continuidade de pesquisas estratégicas”, explicou o instituto.
O INPE ainda ponderou que os rankings universitários são ferramentas úteis, mas que devem ser interpretados com cautela, considerando suas particularidades metodológicas.
“É relevante destacar que, em termos absolutos, nosso indicador de performance em pesquisa — que avalia a qualidade e impacto das publicações científicas — apresentou melhora concreta, evoluindo de 1.215 pontos em 2024 para 1.281 pontos em 2025”, apontou em nota o instituto.
ITA
O ITA, também por nota, disse compreender que rankings são uma das diversas métricas de avaliação do desempenho acadêmico e científico e garantiu que permanece comprometido com sua missão de excelência no ensino, na pesquisa, na inovação e na extensão.
Apesar de não ter apresentado motivos que pudessem explicar a queda no ranking global, o instituto destacou que sua quantidade de pesquisas publicadas em revistas científicas de impacto dobrou na última década.
“Esse desempenho resultou no reconhecimento de docentes do instituto pelo CNPq, com um aumento de 50% na concessão de bolsas de produtividade nos últimos dez anos.”
O ITA afirmou também que segue investindo em projetos estratégicos, parcerias internacionais e iniciativas que “impactam positivamente a comunidade e o desenvolvimento tecnológico do país”.
Entre elas, o ITA citou a constante capacitação dos alunos e o recente anúncio de concurso público para ampliar o número de professores, pesquisadores e servidores civis no Instituto.
Vale lembrar que o ITA abre nesta quarta-feira (4) as inscrições do vestibular para a turma de 2026.