
A copaíba é daquelas árvores apaixonantes. Longilínea, demora para crescer, mas pode chegar a dezenas de metros de altura.
Suas flores brancas atraem abelhas polinizadoras. Em seus troncos, animais se esfregam instintivamente para curar suas feridas, dado seu alto poder anti-inflamatório e antisséptico, há tempos testado e confirmado pelos homens que gostam de seus óleos.
Há sempre uma planta cruzando a vida de afetos de cada um, poetiza o escritor italiano Stefano Mancuso, no seu brilhante livro recém-lançado “A planta do mundo” (Editora Ubu).
A copaíba talvez seja a árvore da vida de Ema Ely Salomão Bonetti, a Dra. Ema, que coordena o Caeb (Centro Ambiental Artístico-Cultural Edoardo Bonetti), em São José dos Campos.
Assim, não é à toa que a copaíba foi parar na nova marca do Caeb, criada pela designer e artista plástica Renata Freitas. “A natureza inspira todas as artes”, resume Dra. Ema.
Nas sombras de uma copaíba, naquela área verde de mais de 40 mil m² do Torrão de Ouro, zona sudeste da cidade, seu marido Edoarto Bonetti descansava das obras de construção da grande casa que hoje abriga a sede do Caeb.
Sonharam juntos com a possibilidade de ver e ouvir ali jovens em formação musical e abertos aos assuntos da natureza. Sonhos concretizados e que agora se expandem para temas da educação inclusiva, integral, reforçando também teses da chamada “terapia silvestre”.
Cláudia Paranhos, agregada à equipe recentemente, garante o pilar da educação, coordenando, por exemplo, ações para profissionais da linha de frente da Educação e Saúde, integrando-os ao contexto da natureza e da cultura.
Em pequena caminhada por uma trilha na mata, o engenheiro florestal Rogério Mazzeo, diretor socioambiental do Caeb, nos apresenta uma copaíba. Todos podem, de certa maneira, se engajar num grupo para essa visita guiada.
Outro orgulho de Ema são suas hortas de PANCs (Plantas Alimentícias Não-Convencionais). O Caeb é grande divulgador da cultura PANC, editando cadernos de receitas, testando pratos, sob a coordenação da chef Ana Alice Corrêa.
Com sorte você vai ganhar brotinhos colhidos durante um passeio pelos canteiros, um ora-pro-nobis ali, uma florzinha de jambu aqui, aquela que amortece a língua. E está garantida a soma de ensinamento e diversão.
A copaíba foi parar na nova marca do “novo Caeb” no desenho da artista Renata Freitas por meio de suas sementes. “Uma nova marca para uma nova etapa”, diz Renata.

A metalinguagem presente: a copaíba feita de sementes de copaíba. Desenhos firmes, com ranhuras que lembram as dos troncos das árvores. Uma copa com os três pilares: natureza, artes e educação. A letra C da tipografia tem um preenchimento para registrar a angulação do telhado do casarão.
Já a paleta de cores disponível para a comunicação levou em conta não somente os tons existentes na natureza local (a copaíba gosta dessa área de transição entre a Mata Atlântoca e o Cerrado), mas também as cores do Barroco.
Explica-se: Sob a direção da musicista Raquel Aranha, o Caeb mantém inumeráveis eventos musicais e de formação, incluindo o já tradicional Núcleo de Música Antiga, com memoráveis concertos barrocos realizados na capela do Parque Vicentina Aranha. Então, as marcas podem ser “impressas” nas cores dos tetos de Ataíde.
P.S. Copaifera Langsdorfii é o nome científico da copaíba. Homenageia o botânico Georg Langsdorff (1774-1852), que liderou expedições científicas por florestas brasileiras no século XIX. Seus colaboradores também entraram para a história dos registros da nossa flora e fauna: Johannn Moritz Rugendas e Hercule Florence.
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