Com um programa operístico e de músicas populares italianas, um sarau festivo no Espaço Civile, em São José dos Campos, celebrou no último sábado (21/2), os 100 anos de nascimento de Rodolpho Civile (1925-2025), médico-escritor radicado na cidade a partir do final dos anos 1980.
Seus livros trazem com destaque as memórias de personagens do tradicional Bexiga, bairro paulistano onde nasceu, e no qual posteriormente manteve sua clínica médica por mais de 25 anos.

Formado em 1952 na Escola Paulista de Medicina, Dr. Rodolpho atuou também em vários hospitais paulistanos. “Considerava a Medicina um sacerdócio”, conta a pianista Rosana Civile, filha do homenageado e responsável pelos eventos musicais do Espaço Civile.
Muitos detalhes dessa saga permeiam os 20 livros que escreveu (romances, contos, crônicas, biografias, ensaios, memórias e fábulas), trajetória literária intensificada depois da aposentadoria e da mudança para São José dos Campos.
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A impecável curadoria do sarau, assinada por Rosana, levou em conta justamente a visceral relação do pai com os imigrantes italianos, sobretudo calabreses, acolhidos no Bexiga. Em pequena parte do programa, a operística (Bellini, Cilea), que fascinava o médico.
Em outros momentos, canções italianas populares, aquelas que estão no imaginário coletivo e que desmontam a circunspecção de qualquer salão. Funiculì, Funiculà (Luigi Denza) Volare (Domenico Modugno) e O Sole Mio (Eduardo de Capua).

Emocionante a peça de abertura, performance de Rosana Civile ao piano para Notturno (Ottorino Respighi), “uma verdadeira chuva de estrelas”. Destaque também para um time de cantores que somente essa curadora consegue reunir: os barítonos Sandro Bodilon e Jorge Zarur Jr., e o tenor Alexandre Bialeck, cada qual com detalhes surpreendentes de impostação.
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A musicista Raquel Aranha imprimiu indispensáveis e precisos acordes na Tarantella Napoletana (Luigi Ricci), com show a quatro mãos de Rosana e Clara Vilaça Zarur.
O barítono Jorge Zarur Jr. emocionou a plateia antes das canções Non Ti Scordar Di Me e Torna a Surriento (Ernesto de Curtis). Contou que depois de oito anos sem cantar, diagnosticado com miastenia gravis, retornava ao palco.
E brilhou desafiando músculos e nervos. Exemplo de superação. Numa segunda apresentação, Ti Voglio Tanto Bene (Ernesto de Curtis), Jorge revelou que Rodolpho Civile também gostava de cantar para Dona Maria da Glória, com quem havia se casado em 1953 e que foi grande incentivadora do escritor. Rodolpho Civile dizia que era “um apologista do amor”. A alegria de seus filhos é exemplo dessa lição.
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