O Brasil é reconhecido mundialmente por sua incrível biodiversidade, e quando se trata da diversidade de répteis, não é diferente. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o país tem a terceira maior diversidade desta classe no mundo, além de abrigar mais de 116 mil espécies animais e ter 46 mil espécies vegetais catalogadas.
No ranking de répteis, o Brasil fica atrás apenas do México e da Austrália. Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Herpetologia revelou a presença de 848 animais nessa categoria em território nacional, sendo mais da metade deles serpentes.
São Sebastião é um dos locais que apresenta uma serpente insular e endêmica, o que significa que a serpente vive apenas em uma ilha específica.
Espécies de serpentes
Entre as serpentes, destacam-se as cinco espécies insulares de ilhas específicas da costa brasileira:
- Jararaca-ilhoa
- Jararaca-de-alcatrazes
- Jararaca-de-vitória
- Jararaca-dos-franceses
- Jararaca-da-moela
Essas serpentes insulares possuem características únicas que as distinguem de suas contrapartes continentais.
Jararaca-ilhoa
A jararaca-ilhoa, por exemplo, apresenta uma coloração amarelada, corpo esguio e delgado, cauda mais longa e escura, que atrai suas presas, além de uma habilidade preênsil que facilita seu deslocamento entre galhos e a captura de presas, já que possuem hábito arborícola.
Ela fica localizada na Ilha da Queimada Grande, também conhecida como Ilha das Cobras.
Seu tamanho é menor em comparação às jararacas continentais, raramente ultrapassando um metro de comprimento. A pele é elástica de tal forma que permite que elas flexionem o corpo e se movimentem facilmente entre a vegetação.
Possuem também uma cabeça maior e dentes menores, o que auxilia no controle da captura e na deglutição de aves, sua principal presa durante o dia.
Jararaca-de-alcatrazes
A jararaca-de-alcatrazes, por sua vez, é uma espécia endêmica e só fica localizada na Ilha dos Alcatrazes, próxima de São Sebastião. Ao contrário da ilhoa, ela não desenvolveu o hábito arborícola.
Além disso, apresenta um fenômeno evolutivo chamado pedomorfose, no qual mantém características semelhantes às encontradas em filhotes durante a fase adulta. Essas serpentes caçam à noite e se alimentam de lacraias, pequenos anfíbios e lagartos.
Por causa de uma antiga utilização de canhões da Marinha brasileira no arquipélago, incêndios colocaram este animal em risco de extinção.
Jararaca-de-vitória
Outra espécie interessante é a jararaca-de-vitória, que também possui hábitos noturnos e terrestres, com preferência por anfíbios como presa. Descrita em 2012 e endêmica da Ilha Vitória, ela se destaca pela coloração escura do corpo e cauda, com algumas tonalidades mais amarronzadas.
Suas características morfológicas, como o número de escamas no corpo e o hemipênis dos machos, a diferenciam das outras espécies.
Jararaca-dos-franceses
A jararaca-dos-franceses é nativa da Ilha dos Franceses, localizada próximo à costa do Espírito Santo. Essa serpente possui um porte menor quando comparada às versões continentais e apresenta uma cauda mais alongada, cabeça mais curta, olhos maiores e uma postura diferente ao atacar.
Alimenta-se principalmente de lagartixas e centopeias, tendo hábitos noturnos e uma adaptação semi-arborícola.
Jararaca-da-moela
Por fim, temos a jararaca-da-moela, a última serpente insular identificada até o momento. Endêmica da Ilha da Moela, próxima ao Guarujá, em São Paulo, ela possui uma coloração que varia entre cinza e marrom, e seu tamanho máximo é de 60 centímetros.
Sua alimentação é composta principalmente por pequenos anfíbios. Mais de vinte características morfológicas a distinguem das outras jararacas insulares, sendo a menor cabeça uma das principais características que a diferencia.
Mais espécies podem ser descobertas
Aliás, as chances de descobrirmos mais espécies de serpentes insulares no Brasil são altas. À medida que os estudos relacionados a animais de ilhas se aprimoram, mais diferenças são detectadas.
É isso que de fato tem ocorrido desde a descoberta da jararaca-de-alcatrazes há mais de 20 anos, segundo o pesquisador Otavio Marques, do Laboratório de Ecologia e Evolução do Instituto Butantan.
As jararacas insulares, sobretudo, são verdadeiros patrimônios exclusivos da fauna brasileira, representando um importante objeto de estudo e conservação.
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