Semana difícil para escrever! Aquela semana tensa, em que o assunto não sai da cabeça. Pior que dá até para sonhar! Aí entra aquele ciclo: dorme agitado, acorda cansado.
Durante o trabalho, naqueles minutos de folga ou na hora do almoço, pegamos o celular para procurar soluções. Depois do jantar, não sabemos se dormimos mais cedo ou continuamos atrás da salvação. Acredito que muitos de vocês também enfrentam dias similares.
Afinal, logo estaremos nas festas de fim de ano. Receber familiares, todos na mesma casa, o que fazer, o que levar, e todos os afazeres para tornar aquele momento inesquecível.

Mas esse ainda não é o meu problema. Na verdade, nem tenho esse desafio. Família pequena. Um filho vai visitar o outro, que vive em outro país. Eu, minha esposa e sogra. Não dá nem para sujar o fogão. Na verdade, até fico triste, porque um dos caminhos que me deixa mais feliz é o que me leva para a cozinha.
Mas que tensão é essa? O que tem a ver com as festas que se aproximam? Claro, uma outra festa. A festa mais importante do ano!
Meu aniversário, do filho, da esposa, do casamento? Não, a maior e mais importante festa do ano é o aniversário da sogra!
Agora você está me perguntando: mas a família não é pequena? Aí vem… não! Pelo menos umas 40 pessoas. Fim de ano, cada qual com os seus e em visitas rápidas, passam para desejar boas festas à mais idosa das matriarcas remanescentes da linhagem.
Mas, no dia do seu aniversário, todos estão presentes. Prontos para aquele almoço especial! Aniversário da sogra! Ou aniversário de sogra? Motivo para perder o sono!
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Imagina se acontece alguma DTA — doença transmitida por alimentos? Duas ou mais pessoas com sintomas similares (náuseas, vômito, diarreia, febre, dor abdominal e falta de apetite) já é considerada um surto.
Segundo dados de saúde pública, as residências foram os principais ambientes envolvidos. Imaginem aquela comida, toda sendo colocada nos tachos, e cada um se servindo.
Ou aqueles que chegam da rua e logo entram na cozinha, perguntando se preciso de ajuda, mas obviamente esperando o “não” de resposta, e abrindo as tampas, dando aquela olhada nas panelas e no mise en place. Eu sei, todos fazem isso. Mas a culpa fica com o cozinheiro, ainda mais se for o genro!
E o cardápio? Um não come isso, outro não come aquilo. E se alguém chegar e passar fome com toda aquela comilança? É culpa do cozinheiro ou do genro, que “não gosta daquela pessoa” e todos vão ficar sabendo — mesmo se for alguém convidado por outro que nunca esteve por lá!
Comida simples, diz a esposa, inclusive nos convites: “Aguardamos todos para comemorarmos o aniversário com um almoço simples, mas de coração!”. Deve ser o meu coração na bandeja dos aflitos.
Depois de muito pensar e sugerir cardápios, fui a um evento culinário e me deparei com a chef Alessandra Bitencourt. Muito conhecida em nossa cidade desde que começou a trabalhar com buffet para festas e depois ao abrir seu restaurante na mesma rua do hospital onde tantas vezes pude me deliciar após visitas ou enquanto aguardava algum resultado de exame, que naquela época demorava para ficar pronto.

Hoje, também está à frente do “Hora do Chef “, programa de culinária na TV Thathi (SBT). Nem acreditei que ela estava lá. Ela me mostrou o seu projeto de trailer para eventos — projetado por ela. Realmente, especial.
Foi ela quem me sugeriu o prato para a festa! Sem querer. Não pude deixar de ir ver as suas opções e escolher uma para degustar: o velho e bom baião de dois. Comida brasileira, com arroz, feijão, carne seca, carne de sol (não são a mesma coisa, não), bacon, calabresa, queijo coalho e coentro.
Escolhido o cardápio, fui então ao restaurante Bahia no Vale. Lá pude conversar com o chef Elivandro da Costa Oliveira e sua esposa, Elisabete Ferreira Oliveira. Outra história de resiliência e competência que, em outra oportunidade, conto em detalhes.

Lá, tive a grande oportunidade de acompanhar o chef e seu auxiliar atendendo com maestria inúmeros pedidos que não paravam de chegar. Uma experiência incrível! Meus sinceros agradecimentos ao casal e ao auxiliar do chef.
Apesar do cardápio variado, fiquei de olho no baião de dois. Agora que estou bem preparado, o sono já voltou. Mas ainda fico pensando nas versões do baião lá na festa: um completo, um sem carne de porco, outro sem carne seca, outro sem carne — só arroz e feijão mesmo. Não importa. O importante é que é feito de coração.
Antecipadamente, já desejo que as festas de fim de ano de vocês também sejam de coração!
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