O termo ESG pode parecer desgastado para alguns, e há quem prefira usar “Sustentabilidade empresarial” para evitar certos preconceitos. Esse termo talvez até se ajuste melhor ao contexto atual. No entanto, é inegável que as práticas ESG vêm ganhando cada vez mais espaço nas empresas brasileiras.
Mas, sendo bem sincero, essas práticas de fato funcionam? São realmente eficazes?
Um levantamento recente, realizado pela Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados em parceria com a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), revela um dado emblemático: 51% das empresas brasileiras já possuem uma estratégia clara de sustentabilidade. Embora este número represente um marco importante, superando a simbólica marca da metade do mercado, ele também nos mostra que ainda há muito caminho a percorrer.
Essa pesquisa, que contou com a participação de 401 líderes de setores variados como agronegócio, indústria, comércio e serviços, reflete uma crescente maturidade no entendimento e na aplicação dos conceitos ESG.
Empresas de todos os portes, desde médias a grandes corporações, estão começando a integrar essas práticas em seus modelos de negócios, não apenas como uma tendência do mercado, mas como uma necessidade vital para a perenidade e competitividade das organizações.
Porém, o que realmente está em jogo aqui não é apenas o impacto no mercado, mas sim como essas práticas ESG estão moldando a vida de todos nós. Um estudo recente do Fórum Econômico Mundial mostrou que empresas que adotam práticas sustentáveis podem reduzir suas emissões de carbono em até 45% nos próximos dez anos. Isso não é apenas um benefício para o meio ambiente, mas uma questão de sobrevivência, considerando os desafios climáticos cada vez mais presentes.
Além disso, o impacto social das práticas ESG também merece destaque. Segundo o relatório da Global Reporting Initiative (GRI), 79% das empresas que adotam políticas sociais mais inclusivas e equitativas relataram um aumento na retenção de talentos, um número que ilustra como a valorização das pessoas dentro de uma organização reflete diretamente no seu desempenho e na sua longevidade no mercado. E mais do que isso: práticas de inclusão e diversidade têm o potencial de gerar até 33% mais inovação dentro das empresas, de acordo com dados do Boston Consulting Group.
Dados recentes da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, indicam que que empresas com boas práticas de governança e responsabilidade social têm 20% mais chances de superarem suas concorrentes em períodos de crise.
Leia mais: A fala do menino-CEO e a desigualdade persistente
Esse ponto é crucial: as crises, sejam elas econômicas, sociais, sanitária ou ambientais, são inevitáveis. No entanto, as empresas que já estão incorporando práticas ESG em seu foco principal de operação, são justamente aquelas que demonstram maior resiliência e capacidade de adaptação diante desses cenários.
Um relatório da McKinsey & Company aponta que 67% dos consumidores afirmam preferirem comprar de empresas que se comprometem com causas sociais e ambientais, o que destaca o papel central da sustentabilidade no comportamento de consumo moderno.
Entretanto, apesar dos avanços, a pesquisa também expõe lacunas significativas. Cerca de 49% das empresas ainda não possuem uma estratégia formal de ESG, o que significa que quase metade do mercado continua negligenciando oportunidades de criar valor sustentável.
É essencial entender que ESG não é apenas uma sigla para o mercado; é um conceito que transcende as fronteiras empresariais e impacta diretamente nossa qualidade de vida. Quando falamos de sustentabilidade, estamos falando de ar mais limpo, de água potável acessível, de melhores condições de trabalho e de um planeta mais equilibrado para as futuras gerações.
A adoção dessas práticas pelas empresas é, sem dúvida, um passo fundamental, mas todos nós, como consumidores, cidadãos e agentes de transformação, temos um papel ativo nessa mudança.
Em um mundo onde os recursos naturais são finitos e as desigualdades sociais ainda são uma dura realidade, o ESG se apresenta como uma das principais ferramentas para construir um futuro mais justo e equilibrado.
Portanto, estamos realmente fazendo tudo o que está ao nosso alcance para que o ESG não seja apenas mais uma tendência passageira, mas sim uma parte integral de nossas vidas e de nossas decisões diárias? O copo pode estar meio cheio, mas depende de nós, coletivamente, garantir que ele transborde com ações concretas e transformadoras.
Acompanhe também:
