Ao contrário do que foi visto em muitos lugares, o clicone extratropical que passou pelo estado no início do mês não pode ser apontado como o principal responsável pelas fortes chuvas. O CEMADEN explica que, na verdade, o principal agente foi uma frente quasiestacionária, um tipo de frente que se move pouco.
Esse sistema se deslocou desde a Argentina, inicialmente como frente fria, no dia 1 de setembro, provocando as primeiras precipitações sobre o oeste do Rio Grande do Sul. Nos dois dias seguintes essa frente se tornou estacionária, provocando chuvas constantes, de variadas intensidades.
As informações do órgão apontam que no dia 4, uma área de baixa pressão nos altos níveis da atmosfera (que tem o papel de “sugar” o ar úmido da superfície até grandes alturas) teve grande influência para o aumento da força das chuvas e, depois, para a formação do ciclone – que rapidamente se afastou do continente.
A porção centro-norte do estado foi uma das mais afetadas. Um mapa mostra que o acumulado de chuvas na região apenas nos quatro primeiros dias do mês chegou próximo dos 300mm, quase o dobro dos 150mm esperados para o mês inteiro.
Tendência é de que alto volume de chuvas siga até dezembro
Considerando as características meteorológicas do desastre no começo de setembro, o CEMADEN avalia que as chuvas foram fortemente influenciadas pelo El Niño.
O que gera um alerta é o fato de que, segundo o Semaden, este fenômeno ainda não atingiu a sua máxima intensidade, prevista para próximo do mês de dezembro.
“É altamente provável que eventos semelhantes possam se repetir nos próximos meses. De fato, a previsão para o próximo trimestre (setembro-novembro) é de precipitações superiores aos valores normais na Região Sul do Brasil”, anunciou o órgão.
CEMADEN explica o El Niño
“O El Niño é um fenômeno que envolve alterações na temperatura do Oceano Pacífico e no comportamento da atmosfera. Um dos principais “sintomas” vinculados à ocorrência do El Niño é o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico equatorial, que, por sua vez, está também associado a alterações nos ventos e na precipitação em várias áreas do planeta.
De modo geral, este fenômeno altera o comportamento dos sistemas frontais, que se tornam mais frequentes e persistentes sobre a Região Sul, provocando aumento das precipitações nessa região”.
Estado de calamidade
Na última segunda-feira (11), o governo do Rio Grande do Sul oficializou o status de estado de calamidade em mais 13 municípios. Com esse acréscimo, o total de cidades em situação de calamidade subiu de 79 para 92.
Com esse reconhecimento por parte do governo estadual, os municípios agora têm a possibilidade de solicitar recursos do governo federal para atender às necessidades da população afetada, recuperar serviços essenciais e realizar a reconstrução de infraestruturas e habitações danificadas pelo desastre.
Arrecadação de doações em São José dos Campos
O Fundo Social de Solidariedade de São José dos Campos, em parceria com a Azul Linhas Aéreas, está arrecadando doações para envio às vítimas das chuvas no Sul do país.
De acordo com a instituição, mais de 6 toneladas de doações e 100 mil peças de vestuário para adultos e crianças já foram recebidas até o momento. Essas doações ainda serão enviadas na primeira remessa em parceria com a Azul.
Os itens arrecadados são:
- Água potável
- Produtos de higiene pessoal
- Produtos de limpeza
- Roupas
- Calçados
- Cobertores
- Alimentos não perecíveis
As doações são recebidas no Centro de Distribuição, que fica na avenida Olivo Gomes, n° 100, em Santana, no Parque da Cidade. O local funciona de segunda a sexta-feira das 8h às 17h.
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