O jornalismo local pode ser oásis no deserto de notícias

A grande metáfora da alright é dramática no teatro da comunicação. Mas desperta outra, promissora. Há no Brasil um “deserto de notícias”: cerca de 30% dos municípios não têm sequer um veículo de comunicação e vivem à mercê de grandes canais, da informação de terceiros, cada vez mais “fragmentadas, descontextualizadas”. Em muitos locais a produção é quase artesanal. Um idealista, um computador e pronto.

Nesse descampado é possível, entretanto, irrigar um jornalismo local/regional de mais qualidade e visibilidade. As pequenas e médias empresas regionais de Jornalismo, portais de notícias (o portal spriomais se inclui aqui), jornais impressos (sobrou algum?) precisam urgentemente tratar esse complexo de vira-lata, apostar com cara e coragem no que produz de maneira inédita.

Essa uma das mensagens de quem lê o guia “Jornalismo local no Brasil: Caminhos Possíveis”, editado pela alright e lançado na semana passada, em Brasília, durante o alright Summit, evento que reuniu publishers e jornalistas sedentos (a metáfora agora é minha) por informações atualizadas do movimento desse mercado, o número de camelos, qual a direção da caravana.

“A indústria de mídia vive um paradoxo. Nunca foi tão necessária num mundo assolado pela desinformação, mas, ao mesmo tempo, nunca teve tanta dificuldade para ganhar atenção da audiência”, escreveu Maria Luiza Borges, editora e consultora em transformação digital.

“Valorizar a cultura local e formar senso de comunidade” é apenas uma das fortes tendências anotadas pela alright para fomentar o jornalismo local. Aliar esse senso de comunidade não é voltar à Idade da Pedra. É preciso saber usar as novas ferramentas tecnológicas disponíveis, sem medo de incorporá-las em benefício próprio.

A Inteligência Artificial, muito falada e pouco compreendida, é uma delas. Cada empresa trabalhando como “oásis” criativo, unindo esforços de produção e distribuição, num mundo de parcerias e criatividade. Lembrando que, hoje, “inovar não é um luxo, inovar é sobreviver”, diz Domingos Secco Jr., fundador e CEO da alright. Recado direto principalmente para quem paga a conta desse jornalismo local.

(Créditos: Reprodução/Pexels/PMSJC)

Spriomais: “mais de você aqui”

“O portal spriomais [que trabalha seu novo slogan: “mais de você aqui!”] tem se fortalecido ao valorizar pautas locais, regionais, a cultura da cidade, seus personagens”, afirma Maurício Guisard, diretor-geral do portal, presente à alright Summit. “Converso muito com nosso jornalismo, ao defender também o que chamamos de ‘regionalização’ das pautas nacionais”, completa Guisard. Isso significa colocar a inteligência local (muitos dois quais atuando no INPE, no ITA, na Univap) para refletir sobre temas nacionais e globais.

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Made in Sanja e Olimpíadas

O portal spriomais já vem publicando, além do noticiário hardnews, sob o selo Made in Sanja, inúmeras histórias com personagens da cidade: do chargista Jean Galvão à chef Vivi Gonçalves, da DJ Lud Prado à educadora Cláudia Paranhos. São personalidades naturais da cidade ou que fizeram de São José sua casa. São histórias que criam ligação imediata com leitores, orgulhosos de seus habitantes e refletem na audiência do portal.

“Na recente cobertura das Olimpíadas, por exemplo, decidimos focar nossas atenções nos atletas da região, mostrando o dia a dia deles em Paris, suas performances, os resultados específicos. Destacar os atletas que saem daqui e poderiam se perder no mar de notícias, ajuda a construir um sentimento de orgulho e pertencimento, fortalecendo o jornalismo local”, diz Gabriel Duarte, chefe de redação do portal spriomais.

Na nova “era editorial”, com a crescente perturbação dos modelos editoriais hegemônicos, a avalanche informativa da internet, o balaio de gatos, as fake news, a neurótica busca de cliques, há uma saída para corrigir a rota: a aposta é a comunidade.

O portal spriomais é o primeiro veículo do Vale do Paraíba a participar da rede alright.

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José Guilherme Ferreira

Escritor, jornalista e editor, José Guilherme Rodrigues Ferreira é formado pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Foi editor-chefe do Diário do Comércio e participou de equipes nas redações da TV Globo, Agência Estado, Agência Folha, Jornal da Tarde e Globo Rural. É autor de Vinhos no Mar Azul, agraciado em 2009 com o Gourmand World Cookbook Awards, e de O Almofariz de Deméter.

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