Quando falamos sobre ESG (ambiental, social e governança), frequentemente nos concentramos em mitigar impactos ambientais ou minimizar danos. Mas, em um mundo onde os desafios climáticos e sociais se intensificam, será que apenas “sustentar” é suficiente?
A resposta talvez esteja na economia regenerativa, um conceito que vai além da sustentabilidade, propondo não só reduzir impactos, mas regenerar ecossistemas e comunidades.
Inspirada na dinâmica dos ecossistemas naturais, onde tudo opera em ciclos de renovação, a economia regenerativa oferece soluções que restabelecem a vitalidade ambiental e social. Não se trata apenas de “reciclar” ou “compensar”, mas de criar impactos positivos que restituam a saúde do planeta e melhorem a qualidade de vida.
Em uma conversa com meu amigo Felipe Simão, que também vive no seu dia a dia a causa sustentável, surgiu a ideia: por que não uma política efetiva chamada “crédito de água”?
Nesse contexto, o crédito de água funcionaria de forma semelhante ao mercado de créditos de carbono, onde empresas que investem em tecnologias ou projetos que regeneram recursos hídricos — seja por meio da recuperação de rios, recarga de aquíferos ou redução do consumo em processos industriais — poderiam gerar créditos para comercialização no mercado.
Esse mecanismo, além de incentivar a regeneração hídrica, ajudaria a precificar e valorizar a água como um recurso essencial e finito.
(Créditos: Reprodução/Internet)
Imagine uma indústria que, ao reutilizar água de seus processos e investir na revitalização de bacias hidrográficas locais, possa gerar créditos que outra empresa, com menor eficiência hídrica, adquira para compensar seu impacto.
O sistema não apenas promoveria equilíbrio, mas também fomentaria inovação e soluções baseadas na natureza. Obviamente, essa ideia, ainda embrionária, precisaria ser muito bem desenhada e estruturada, pois a definição das métricas e das políticas envolvidas não é simples. Basta observar a demora nas resoluções para o crédito de carbono.
O Brasil, apesar de abrigar cerca de 12% da água doce superficial do mundo, enfrenta uma crise hídrica crescente. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), 55% dos municípios brasileiros sofreram algum tipo de restrição no abastecimento nos últimos 10 anos.
Além disso, o relatório de 2023 da ONU destacou que a demanda global por água pode superar a oferta em 40% até 2030. Segundo o World Resources Institute, 78 países estão classificados em risco de escassez hídrica entre médio-alto, alto ou extremamente alto, incluindo Espanha, Itália, Bélgica e Austrália.
Iniciativas regenerativas já demonstram que é possível reverter parte desse cenário. Um estudo recente da Universidade de Oxford aponta que cada dólar investido em soluções baseadas na natureza pode gerar até nove dólares em benefícios econômicos, incluindo aumento da biodiversidade, segurança hídrica e mitigação das mudanças climáticas.
Outras leituras de ESG na Prática:
Inclusão e Diversidade: reflexões urgentes em tempos de incerteza
Programas como o Produtor de Água, da ANA, remuneram agricultores que adotam práticas para conservar nascentes e reduzir a erosão, criando um ciclo virtuoso de regeneração.
O conceito de crédito de água poderia amplificar o impacto dessas iniciativas. Estudos indicam que, no setor industrial, o reúso de água já permite economias de até 70% nos custos operacionais.
Com um mercado de créditos bem estruturado, empresas teriam incentivos financeiros adicionais para expandir seus esforços regenerativos. Além disso, o crédito de água poderia ser integrado a políticas públicas, especialmente em regiões como o semiárido brasileiro, onde a escassez hídrica afeta mais de 25 milhões de pessoas.
Projetos como o da bacia do Rio São Francisco, que envolvem revitalização de rios e recuperação de matas ciliares, poderiam ser financiados por meio desse mecanismo.
Empresas de todos os setores têm a oportunidade e a responsabilidade de liderar essa transformação. Desde investimentos em tecnologias limpas até parcerias com comunidades locais para regeneração ambiental, o movimento regenerativo é uma forma de conectar propósito e lucro.
Ao mesmo tempo, os consumidores estão cada vez mais atentos. De acordo com a consultoria McKinsey, 60% dos consumidores globais estão dispostos a pagar mais por produtos de empresas comprometidas com sustentabilidade real, e não apenas com greenwashing.
A economia regenerativa e ideias como o Crédito de Água mostram que é possível mudar o curso atual. Mais do que minimizar danos, precisamos regenerar o que foi degradado e repensar como valorizamos os recursos naturais. Afinal, como disse o economista Kenneth Boulding:
“Qualquer pessoa que acredite que o crescimento exponencial pode continuar em um mundo finito é um lunático ou um economista.” Vale a reflexão.
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