Para quem segue os acontecimentos da invasão russa da Ucrânia, os últimos meses revelaram um novo tema: a propensão de certos aliados importantes a considerar o envio de tropas para solo ucraniano. Inclusive já tocamos no assunto em uma coluna anterior aqui.
Dado que nos anos anteriores nem sequer se aventava uma hipótese destas, merece atenção essa rajada de pronunciamentos dos líderes europeus.
E foram vários. As falas do presidente francês, Emmanuel Macron, tiveram mais destaque na mídia, mas também importantes foram outras declarações mais discretas:
A Primeira-Ministra da Estônia, Kaja Kallas, não excluiu o envio de forças estonianas à Ucrânia (Foto: Parlamento Europeu)
Todas essas falas são feitas cuidadosamente, atenuadas com linguagem diplomática típica (“não descartar”, “não fazer promessas”), mas revelam uma mudança bastante nítida no discurso aliado.
A mensagem é clara: para impedir uma derrota da Ucrânia e um consequente rebalanceamento estratégico que transformaria o palco da segurança europeia, vários países já estão considerando medidas mais urgentes.
Como se desenrolaria um apoio aliado direto?
É errôneo pensar que tropas aliadas seriam enviadas para lutar lado a lado com ucranianos. Um cenário desses, além de essencialmente colocar os países envolvidos em guerra direta com a Rússia, seria seppuku para a carreira dos políticos em questão.
Mas, assim mesmo, há um cenário interessante a se considerar — uma jogada com amplos precedentes na doutrina de dissuasão militar. Trata-se do estabelecimento de um “cordão de tropeço” (tripwire).
Tripwire force, para usar o termo inglês, é uma força estratégica relativamente pequena, enviada para outro país não para combate, mas simplesmente para demonstrar compromisso político e reduzir a probabilidade de um ataque.
É seguindo esta doutrina que os Estados Unidos, por exemplo, mantêm forças na Polônia, na Coreia do Sul, no Japão. Um ataque da Coreia do Norte a Seul, por exemplo, arriscaria a morte de tropas americanas e colocaria o país imediatamente em confronto com toda a potência militar dos Estados Unidos.
No caso da Ucrânia, um contingente de aliados poderia ocupar posição neutra, longe do palco da guerra — em Lviv (no oeste) ou na capital, Kyiv. Um destacamento desta natureza, ainda que pequeno, poderia levar a Rússia a pensar duas vezes antes de lançar ataques mais intensos com mísseis.
Por outro lado, a força aliada não ficaria sentada de pernas para o ar. Além de servirem para o treinamento de forças ucranianas e potencialmente o manejo de sistemas avançados de defesa aérea, os aliados liberariam uma quantidade equivalente de tropas ucranianas.
Em um momento em que a mobilização ucraniana continua tropeçando, muito aquém do volume necessário para expulsar os russos do território ocupado e pôr fim à guerra, seria de suma importância liberar alguns milhares de tropas ucranianas para a rotação de soldados no front e destacamentos em áreas de combate ativo.
Agora, é provável um cenário destes? Talvez não. Pode apostar que, antes de chegarem a esta conjuntura, todos os aliados vão continuar procurando apoiar a Ucrânia com interferência menos direta.
Ninguém quer se arriscar a ser o político que levou seu país a uma guerra contra a Rússia. Mas e se os russos ganharem mais terreno na Ucrânia? Se uma vitória russa já estiver visível no horizonte do futuro próximo?
Considerando-se as muitas vezes em que a Rússia manifestou ambições expansionistas que vão além da Ucrânia, não seria de espantar se outros países interferissem num cenário destes. Seria o caso de mostrar força para evitar uma guerra ainda maior, um envolvimento ainda mais custoso.
“Quando não é possível evitar a guerra, adiá-la só beneficia seu inimigo”.
A reflexão de Maquiavel nos vem do século dezesseis, mas não tem prazo de validade. E é bom que a Europa não se esqueça que o preço das intervenções tardias costuma sair bem mais caro que o de um lance firme feito na hora certa.
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