As Olimpíadas de Tóquio apresentaram o skate para muita gente. A estreia da modalidade na maior competição esportiva do planeta apresentou o viés do alto rendimento em um esporte que também é estilo de vida. No Brasil, fez uma nação torcer de madrugada pela pequena Raíssa Leal e a joseense Pâmela Rosa.
Da televisão, porém, não é tão radical. Nem tão rápido. É ao vivo que se pode entender como não é possível decifrar os pés desafiando a física sobre um skate.
Assistir ao treino do skatista Eric Costa, de apenas 13 anos, traz esse sentimento. Também de São José dos Campos, aos seis anos ele subiu pela primeira vez em um skate emprestado pelo primo.
Isso porque não tinha patins pequenos o suficiente para acompanhar os pais e a irmã mais velha, que patinavam no Pavilhão, no Centro da Juventude.
Uma das promessas do skate joseense, Eric tem como sonho ganhar uma medalha de ouro olímpica pelo Brasil (Créditos: Arquivo pessoal)
“Skate é igual uma casquinha de sorvete. A primeira vez que ‘cê’ experimenta, se apaixona na hora. Não dá vontade de parar”, disse o garoto.
A doce comparação mascara a profundidade com que Eric leva o esporte. Ele vive o skate com o sonho de se tornar profissional.
Mais do que o talento pessoalmente impressionante, um de seus diferenciais é o apoio que recebe em casa. Os pais, Jean e Karina, um advogado e uma professora, compraram a ideia do garoto e se entregaram à paixão do filho.
A modalidade é cara e a rotina exige bastante da família. Para treinar, o caminho geralmente passa pela Rodovia Presidente Dutra. Eric treina quase todos os dias fora de São José.
“Não é muito fácil, mas a gente faz tudo pelo filho. Ele começou a andar de skate, teve esse talento em cima das quatro rodinhas, então a gente se desdobra entre a profissão, pai e técnico”, enfatiza Jean.
Eric tem sua base familiar como trunfo; além dos pais, a irmã mais velha, Lorena, dá incentiva o skatista desde pequeno (Créditos: Arquivo pessoal)
A modalidade em que ele compete é o Park, uma mistura das várias outras como o Street e o Vert. Eric anda por piscinas, conhecidas como bowls. Seus diferentes obstáculos e curvas ajudam os skatistas a ganharem velocidade e executarem manobras no ar.
No Park, quanto mais alto se vai, mais pontos você faz. Além da execução dos movimentos, a altura alcançada faz toda a diferença nas competições. Eric já participou de várias pelo país e ganhou títulos importantes.
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Em 2022, foi campeão paulista e brasileiro iniciante. No ano passado, conquistou a primeira etapa da LAB (Liga Brasileira de Bowls) e foi novamente campeão paulista, dessa vez na categoria amador.
Nos primeiros meses de 2024, já faturou a prata tanto no paulista quanto no brasileiro vertical.
O talento natural, observado desde o Pavilhão por outros skatistas mais velhos, começou a ser lapidado logo cedo no Zombie Skate Park, o “Frangão”, na Vila Nair. Era um espaço com pistas cobertas para a criançada aprender a andar de skate.
“Ele começou a fazer aula com seis aninhos em uma pista com elementos de Street. Tinha um caixote, um corrimão, algumas transições, rampas. Ele fez aula ali uns seis meses e depois a galera do local fechou porque não tinham condições de manter”, explica o pai.
As atividades no Frangão chegaram ao fim em 2017. Enquanto lá fechava, abria o Quintal Skate Park, no Urbanova, que se tornou o principal point de Eric na cidade e um de seus apoiadores. O skatista hoje também treina lá, principalmente nos dias de chuva.
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Em São José dos Campos, há mais de 20 pistas públicas e privadas, mas a maioria é como campos de várzea.
Dá para praticar, mas não evoluir, e assim o desempenho fica comprometido. As lesões também preocupam.
Em uma pista mal acabada ou com planejamento errado, a chance de um atleta se machucar é grande.
“Às vezes eles não colocam pessoas que realmente sabem fazer pista de skate, então essas pistas podem lesionar a gente, acaba tendo uma transição mais torta. Se a gente dá uma manobra, se machuca. Skate já é caro. E ainda gastar com viagens, combustível, hotel, quando a gente poderia não gastar nada e andar aqui…”, desabafa Eric.
É por isso que pai e filho alternam o local dos treinos semanalmente.
Viajam para cidades como Guaratinguetá, São Paulo e, ainda mais longe, São Bernardo do Campo, a cerca de 117 km de São José, para que o garoto pratique, já que cada lugar e cada pista conta com suas particularidades.
A do Quintal, por exemplo, Eric decorou e tem uma lista fechada de manobras que consegue “mandar”.
Apesar da locomoção dar trabalho, para Jean não é esforço. O filho é motivo de orgulho e não há rampa longe de casa o bastante para mudar isso.
“Andar atrás do meu filho, não tem nada melhor. Todo mundo acha que o skate é um esporte não só perigoso, mas tem aquela mancha de ser [uma modalidade] de pessoas que usam droga. Mas isso tudo está mudando. Você vê que é uma evolução, está saindo de um lado mais escuro e indo para um lado mais positivo”, afirma.
Um dos desejos de Eric é se mudar para os Estados Unidos. Los Angeles, na “Califa”, mais precisamente.
É como se o Jardim do Éden fosse Venice Beach, onde a cultura do skate é hábito, um paraíso para quem ama o esporte. Mas a ideia não é somente pela filosofia de vida.
“Para muitas pessoas o skate foi sempre um lifestyle, nunca levaram o esporte a sério. Em 2024 eu desejo que esse olhar mude um poquinho. Querendo ou não, o skate está se transformando cada vez mais em um esporte”, destacou Eric.
O garoto vê nos Estados Unidos uma vantagem para correr atrás do seu sonho. Hoje na categoria amador, um degrau abaixo dos atletas da elite, ele sabe que, tendo uma estrutura melhor, as oportunidades virão com mais facilidade.
Tornar-se um atleta profissional até os 18 anos é uma meta e a mudança de país pode ser um empurrão.
Ele não é caso único. O lendário Bob Burnquist, que montou sua própria Megarrampa na Califórnia, Letícia Bufoni, maior medalhista feminina no X Games, e Giovanni Vianna, que participou da última edição dos Jogos Olímpicos, são exemplos dos skatistas que decidiram se desenvolver fora do país.
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