Parla, disse Michelangelo quando finalizou sua escultura Moises por achá-la muito perfeita. Só faltava falar.
Considerada uma de suas principais obras com 2,35 metros de altura, Moises continua sentado e mudo numa Basílica em Roma. Já o Davi, outra escultura, está em Florença consagrado pela frase – “Eu apenas tirei da pedra de mármore tudo que não era o Davi!”
Era o ano de 1515, o artista italiano com 26 anos foi contemporâneo de Leonardo Da Vinci, 63 anos, venerado como gênio das artes. Que momento extraordinário da história da arte europeia.
Quinze anos antes do Moises de Michelangelo quase falar, os portugueses tinham descoberto a Pindorama e tentavam efetivar povoamentos e suas explorações. Iniciavam-se assim experiências multiculturais no Brasil, momento adotado como grau zero da nossa história.
(Créditos: Reprodução)
As etnias indígenas já estavam aqui há pelo menos 12 mil anos.
O corte do nosso tempo histórico se deu em 1500.
A falência do feudalismo autossuficiente, nos atingiu como mercadoria a ser explorada. Descobertos pela expansão marítima e católica estava anunciada a nossa colonização. Surge o mito da cordialidade do homem brasileiro ou a passividade que talvez seja origem da síndrome de vira lata.
Miscigenados de norte a sul, característica marcante de nossa cultura.
No maravilhoso site https://www.brasilianaiconografica.art.br/ vale a pena passear pelo belíssimo acervo de pinturas, gravuras e desenhos realizados por artistas europeus baseados em muita imaginação e relatos dos exploradores.
Os artistas Albert Eckhout e Jean Baptiste Debret foram enviados ao Brasil para retratar e ilustrar todos encantos do novo mundo e saciar a curiosidade na Europa sobre cada detalhe dos trópicos e seus habitantes.
A fotografia demoraria ainda bons 300 anos para surgir então cabia aos artistas representarem as cenas, personagens e hábitos recheados, claro, de muita imaginação. Mercadorias, pessoas, cartas ou desenhos, pinturas, animais, levavam por volta de 50 dias para chegar na Europa.
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O Brasil foi colônia por 283 anos e tem 202 anos de independência.
Povos originários, portugueses, africanos, espanhóis, italianos, alemães, holandeses, libaneses, japoneses, resultou numa população miscigenada.
Muitas vezes romantizada como processo harmonioso, porém, cheio de conflitos, explorações e lutas.
Somos resultado de uma síntese inovadora e autônoma, uma criação inédita, “A identidade cultural brasileira é fruto da diversidade étnica que a miscigenação nos proporcionou”. (Darcy Ribeiro – antropólogo).
Fatos, crenças, mitos, idéias, domínios geraram narrativas históricas e símbolos que nos representam. Musica, culinária, dança, literatura, religiões, artesanato, folclore, uma imensa produção de costumes, valores autênticos que continuam nos influenciar como sociedade.
(Crédito: Reprodução)
Aprendemos que D. Pedro declarou Independência ou morte às margens do rio Ipiranga. Estudiosos analisaram o contexto e acreditam que ele não estava montado num cavalo e sim numa mula, estava a quase 500 metros das margens do rio e deu o Grito – “É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal“. Pedro Américo, pintor do quadro Independência ou Morte, assim como seus antecessores retratistas usou bastante da imaginação.
Em 1822 éramos 4,5 milhões de brasileiros sendo 20% indígenas, hoje somos 216,4 milhões com 0,83% de indígenas.
Vivemos novamente um grande ciclo de mudanças. Percebemos os movimentos, mas ainda não sabemos como será a nova configuração que vem se organizando.
Nesse jogo a guerra de informações é um dos maiores combates e as alianças de poder das mídias veem optando pelo desregramento para manter a manipulação de conteúdos, relatos inventados, distorções de imagens de vídeos, notícias e depoimentos que só existem para gerar uma profusão de versões e semear a confusão. O conflito molda uma realidade de pânico e faz com que o público fique à mercê de informações quase impossíveis de confiar, graças às manipulações da IA mantidas por grandes empresas de tecnologia.
(https://jornal.usp.br/radio-usp/a-guerra-de-informacoes-distorcidas).
Sua maior vitima é a verdade.
Seu objetivo é claro – dominar a opinião publica em beneficio de pequenos grupos.
O bom jornalismo é insubstituível pois é aí que a checagem das informações acontece antes de publicar. O que custa tempo, dinheiro e a responsabilidade de profissionais comprometidos com a informação dada. A informação confiável se tornou nosso maior bem.
Ambientes digitais não são sempre seguros e nem transparentes.
Hoje somos atravessados por bombardeios de informações comparáveis às propagandas de consumo e podemos atribuir relações interessantes entre o consumo de fake news e o de junk food.
”A informação lixo é artificialmente cheia de ganância, ódio e medo – coisas que atraem nossa atenção. Essa informação lixo deixa nossas mentes e sociedades doentes. Precisamos de uma dieta de informação”.
Nos alimentar de muita junk food nos leva às doenças graves e consumir muitas informações lixo nos leva absorver muitos preconceitos, fake news que nos contaminam, despertam raiva, alimentam a violência. Vamos perdendo nossa capacidade analítica, a empatia, o senso critico e coletivo.
Comida saudável dá mais trabalho e é mais cara que as enlatadas, empacotadas que duram até anos.
Um bom exemplo é o lanche do Mc Donalds comprado e guardado há oito anos pelo islandês Hjörtur Smárason. Desde então, o sanduíche é exibido em uma transmissão ao vivo pela internet – e continua lá, inteirinho.
https://www.bushostelreykjavik.com/last-mcdonalds-in-iceland/
As informações na internet ainda não têm sistemas legais que possamos confiar para decidir por uma ou outra noticia e pautarmos nossas próprias opiniões.
As técnicas de criar e divulgar fake news estão num sistema desonesto, sem checagem de fontes, a mercê da avaliação dos algoritmos com objetivo principal de disseminar na rede, aumentar audiência. Independente do que é verdade ou mentira.
Atentarmos às armadilhas com palavras chaves que nos atraem para as mentiras dá muito mais trabalho, verificar as fontes, comparar opiniões divergentes, aprender decifrar fake news. E muita leitura e dialogo mesmo com outras bolhas. Somos todos fotógrafos e editores nas mídias sociais e devemos cuidar do que divulgamos para mantermos nossa humanidade e evitar retrocessos.
Título: Bananal; Criador: Lasar Segall; Data de criação: 1927; Dimensões físicas: 87 x 127 cm; Tipo: Óleo sobre tela (Créditos: Reprodução)
Os algoritmos usam nossas divisões de opiniões, fortalecem mais confrontos e passamos a nominar inimigo quem pensa diferente de nós e não os algoritmos que nos manipulam. Enfrentar esse jogo passa por conhecer melhor nossa história, nos conscientizarmos das nossas riquezas culturais, saber dos processos superados e de inúmeros que ainda se arrastam e necessitam mais vitalidade para enfrentarmos.
Precisamos refletir mais sobre nossa percepção da realidade, nossa individualidade e identidade. A arte vem explorando essas fronteiras complexas entre informação, tecnologia e interatividade. Novos diálogos são possíveis no campo da sensibilidade e da criatividade. Essa mudança que vivemos é um campo fértil para novas perspectivas artísticas, cheia de desafios que nos trarão reflexões necessárias.
Leia mais: Celebração às grandes mentiras – as serpentes marinhas estão de volta
Acredito que precisaremos de mais arte para expandir nossas sensibilidades, criatividade, empatia e tolerância. Naif, inocente, grosseira, rasa, simplista, apocalíptica, talvez nos falte vocabulário adequado para nominar nossas reflexões sobre as incertezas do mundo contemporâneo.
É muito bom quando temos uma perspectiva para acreditar principalmente quando vem de resultados práticos da própria experiência.
A contaminação pela arte é uma possibilidade de reflexão sobre o mundo, o que queremos, o que não queremos e como queremos. Ataques sempre surgem contra seu ensino, os artistas, sua liberdade de existência com objetivo de eliminar o pensamento critico que ela possibilita desenvolver.
Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem. – Zygmunt Bauman.
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